fonte: http://fundacaojulita.org.br/alfabetizacao-de-adultos-tem-horarios-flexiveis/
A educação popular possui muitos desafios, principalmente no que se refere à alfabetização de adultos. Hara (1992) pontua que várias dificuldades estão no cerce deste processo, que envolvem desde a prática docente que não consideram os saberes e experiências dos sujeitos ali presentes e também das enfrentadas pelos adultos, seja de trabalhos exaustivos, condições sociais, etc.
Os sujeitos que frequentam a EJA são distintos, de realidades diversas, sendo que muitas vezes a educação escolar não é a sua prioridade, haja visto as dificuldades pelas quais passam, já que como Hara (1992) aponta a maioria provém de classes populares. Por isso, ela alerta sobre a necessidade de tornar a prática de alfabetização um ato político, constitutivo dos sujeitos, como ferramenta para seu desenvolvimento.
Quanto às práticas docentes, sabemos que muitas vezes estão desconexas da realidade. Com relação à formação de professores para atuar na EJA, esta não prepara-os para atuar nesta modalidade e das especificidades de seu público-alvo, fazendo com que tenham que aprender na prática ou mesmo com práticas mecânicas tradicionais de leitura e de escrita, desconsiderando as diversidades dos sujeitos.
Baseados nos estudos de Paulo Freire, Ana Teberosky e Emília Ferreiro, inferimos que a aprendizagem é um processo ativo e dinâmico, concebendo a visão de homem como sujeito de transformação e compreensão do mundo.
O que fica bem claro é que tanto para adultos assim como para as crianças, a aquisição da escrita é conceitual e construída por meio das interações dos sujeitos com o meio. Por isso, Hara (1992) alerta para a necessidade de repensarmos as práticas alfabetizadoras com nova perspectiva de ação, já que a escrita é um sistema de representações construídas socialmente na história do homem e dominá-la é um processo cognitivo.
Cada sujeito organiza de forma diferente seus conhecimentos, operando cognitivamente, o processo de socialização contribui para o desenvolvimento de sua autonomia, contribuindo com diferentes modos de construção do conhecimento.
Assim, na alfabetização dos adultos, é fundamental considerarmos os saberes já construídos pelos sujeitos, pois estes já possuem uma história e conhecimentos.
Referência
HARA,
Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. Ed. São Paulo: CEDI, 1992.