domingo, 17 de setembro de 2017

Nós Educadores e nosso compromisso de formação ética



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     É possível construirmos pessoas e uma sociedade ética.
    Tiburi destaca que aprendemos ética em todos os lugares, seja em casa, no trabalho, na rua, na escola etc.
     Ética é sempre a reflexão, o questionamento, o pensamento que eu dirijo para aquilo que já se consolidou em termos concretos/práticos do cotidiano.
     Segundo a filósofa, a construção de uma pessoa ou sociedade mais ética inicia do menor para um contexto mais abrangente. Ou seja, a partir de pessoas, de ações, que visam melhorar a sociedade ou situações.
       Como educadores, temos uma tarefa primordial. Primeiro, porque vivemos tempos de crise das relações, da sociedade, principalmente em nosso país. A corrupção acontece desde pequenas ações no nosso dia-a-dia até a realizada por grandes políticos. Valores extremistas, contra os direitos humanos, que enfatizam as disparidades. Temos uma função de propor a reflexão nas nossas instituições, seja com os educandos, entre eles, entre todos que formam nossa escola. Colocar-se no lugar do outro, refletir sobre as questões que nos cercam, o que tem necessidade de ser rompido, transformado e nosso papel enquanto seres ativos, constituintes desta sociedade.
        Propor discussões e espaço de formação coletiva, que ultrapassem as barreiras da sala de aula e dos muros da escola. Olhar para o outro, para nós mesmos.
       Isso que  Hermann destaca em seu texto, quando propõe que a [...]Filosofia pode auxiliar na formação humana, por meio de uma reflexão ligada às reais condições de vida (pág. 17).
          Cada vez mais há a necessidade de irmos além de um ensino tradicional baseado em conteúdos definidos verticalmente. Devemos ser propositores de  reflexão crítica, levar nossos alunos a pensarem, refletirem, estudarem, lerem, aprenderem a ouvir a opinião dos outros, respeitando-a, sabendo contrapor; entender que aprendemos sempre, inclusive com os outros.
         Temos uma responsabilidade com a formação ética de nossos educandos, contribuindo para transformarmos nossa sociedade, construindo um futuro alternativo, muito melhor do que o que temos hoje.
         Moral também é uma produção da cultura. É o hábito; é o costume. Aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. Aquilo que todo mundo tem de fazer. A moral não é necessariamente ética. O exemplo mais clássico é o atual contexto do Brasil, onde a corrupção é uma moral, conforme aponta Tiburi.
        Temos a tarefa de transformar nossas escolas e nossos alunos. Torná-los pessoas reflexivas, críticas, conscientes de seu papel como transformadores e construtores de uma sociedade mais ética, justa e necessária, ainda mais em tempos nefastos como o que estamos vivendo atualmente no Brasil.

Referências
HERMANN, Nadja. Ética: a aprendizagem de aprender a vida. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 102, p. 15-32, jan./abr. 2008
TIBURI, Marcia. Filosofia e Ética. Disponível em: https://youtu.be/9jsRUafEV9A

domingo, 10 de setembro de 2017

Escola e cultura: olhar sobre prática

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     Parece claro que o conceito de escola e educação democráticas, construídas historicamente, constantemente sofrem abalos tendo em vista movimentos tradicionais e visões de caráter excludente, enfatizando a disparidade e as o modelo de classes.
    O sistema escolar reproduz a nível social os diferentes capitais culturais das classes sociais. A Educação precisa romper a ideia de processo de transmissão cultural – reprodução de um sistema social, mesmo que afetada por este modelo.
    A presença da questão multicultural , sob o ponto de vista conceitual e prático, tem ganhado campo no cerne das instituições de ensino, seja da Educação Básica ou Superior. Entendo que ainda se encontra em constituição e embora tenhamos avançado muito, parece que há um movimento fazendo o percurso inverso.
    Candau traz importantes reflexões em seu texto. Eis algumas ideias que norteiam sua discussão:
              [...]a igualdade que queremos construir assume o reconhecimento dos direitos básicos de todos. (pág. 128)
[...] o que precisa ser mudado não é a cultura do aluno, mas a cultura da escola. (pág. 133)
     O termo multiculturalismo, de caráter polissêmico, como aponta a autora, nasceu de lutas dos grupos sociais, discriminados e excluídos de uma cidadania plena, movimentos sociais (questões identitárias). A autora destaca que a partir de estudos do grupo de pesquisa de que participa, uma forma destas questões penetrarem  na cultura escolar se dá por meio das atividades extraclasse.
     O contexto da escrita do texto de Candau reflete um período em que a agenda era composta pelas mobilizações e pela necessidade de reconhecer as questões da identidade, igualdade e diferenças era um desafio para inserção no currículo educacional, tanto pela sociedade, quanto por resistência da própria instituição, dos docentes etc.
     Hoje avançamos muito neste sentido, haja visto as inúmeras políticas de ações afirmativas visando o acesso de todos à educação, principalmente a superior, que antes era habitada por um público seleto e que tinha condições financeiras, mesmo que existissem algumas bolsas que eram de acesso a poucos.
    O próprio currículos das escolas e IES , construídos coletivamente, pautados em muita mobilização e lutas de origem social, possibilitaram o trabalho e o reconhecimento da diversidade que habita o nosso país.
    O Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), os Planos Estaduais e Municipais, pautam políticas de governo que visam o desenvolvimento educacional do país, em termos de qualidade, equidade e condições em todos os Estados. Representam uma conquista, uma vez que tratam de políticas construídas com participação social.

      Resta ainda a transposição das práticas do velho e tradicional modelo escolar que ainda insistem em permanecer no cotidiano escolar e das IES.
Referências:
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação.
NOÉ, Alberto. A relação Educação e Sociedade: os fatores sociais que intervém no processo educativo.

sábado, 9 de setembro de 2017

A era da informação e comunicação: impactos no mundo e nas relações

Fonte: https://tic9bavelar.wikispaces.com/file/view/internet_kids_logo_full.jpg/43910779/525x472/internet_kids_logo_full.jpg


      Vivemos a era da informação e da comunicação. Assistimos diariamente a expansão e criação de novas formas de comunicação e de interação. Com esta expansão, o acesso as redes sociais teve um salto exponencial, uma vez que o acesso ao celular e à Internet inclusive por meio dele, permite este acesso instantâneo e a informação, de qualquer parte do mundo, a qualquer tempo.
     A escola sofre influências diariamente destas transformações. E ainda não sabe como lidar e fazer seu uso para aprimorar o processo de construção do conhecimento, uma vez que está fundada em ideais e culturas de séculos passados, numa estrutura rigidamente formada. Há grandes resistências por parte dos educadores no uso, uma vez que nossos alunos nasceram neste mundo e têm o domínio do uso das tecnologias.
    Leandro Karnal faz uma série de reflexões acerca da comunicação e do impacto das redes sociais na vida das pessoas. Destaca que a geração atual só viveu a experiência do virtual.  A expansão das redes sociais, segundo ele, tem seu lado positivo e negativo. O grande defeito é que vivemos a era que ele chama de era do narcizismo, autocentrada no próprio sujeito.  Vivemos a era do indivíduo (Deus customizado, animal humanizado e comida adaptada). Século do narciso, do individualismo.
      Nesta forma de nos comunicarmos, facilitamos a maneira de encerrar e conduzir relações. Porém, eliminamos a autoria. Nossa seleção da verdade é afetiva, de identidade. Tudo o que disserem de ruim, de mal, de quem eu não gosto, torna-se verdadeiro! O critério é individual!
      Cita as ideias de Bauman sobre a era do mundo líquido. Também cita as ideias de Umberto Eco que afirma que  a internet promoveu o idiota da aldeia, aportador da verdade. Qualquer idiota da aldeia tem o direito a portador de voz do que um prêmio Nobel. A internet propicia que qualquer pessoa, de qualquer canto do mundo, expresse uma ideia, em grau de igualdade com um especialista. Eco quis denunciar que a internet divulga informação, mas não  formação! Queria expressar talvez uma certa melancolia sobre uma época que a autoria era única. Para ouvir algo eu teria que ter uma imensa informação.
      Sobre a questão da autoria, percebemos na fala de Karnal a questão daquilo que ele chamou de detração, palavra de origem latina, que tem o mesmo significado que fofoca. As pessoas compartilham informações, das mais diversas fontes e assuntos, sem muitas vezes se preocupar na sua veracidade, tampouco são atribuídas autoria a pessoas que muitas vezes sequer expressaram tal ideia.
     Fundados nas ideias de Freire, é importante refletirmos sobre o ato de estudar, ler e interpretar. É necessário um espaço de tempo para decodificar, assimilar, o que foi revelado no texto.
      Desta forma, percebo que a leitura e uso que as pessoas vêm fazendo das informações das redes e mídias é instantânea, líquida, sem fazer uma reflexão crítica, uma análise das informações, comparando com outras fontes ou mesmo com a veracidade daquilo que compartilhamos ou muitas vezes julgamos por verdadeiro.
      Temos de fazer o trabalho da crítica. Ou seja, um trabalho intelectual que tem por finalidade explicitar o conteúdo de um pensamento qualquer, para encontrar o que está silenciado. A tarefa da crítica é fazer falar o silêncio. Realizar trabalho interpretativo com relação a pensamentos e discursos dados.
    Sou da geração que leu e interpretou os estudos de Freire e outros pensadores. Hoje percebemos esta disseminação de informações facilitada pela ascensão dos meios de comunicação e das redes sociais, que têm tornado as pessoas transmissoras de verdades (ou falsas verdades), disseminação de ideologias ou discursos de ódio, ataque a moral, destruição de identidades.  
    Não podemos negar a importância do acesso à informação, ao mundo conectado, embora que ainda existem pessoas que não tenham acesso a isso. Mas o tipo de informação e o que é feito com ela é um grande desafio posto, ainda mais no atual contexto que vivemos em nível mundial e nacional, onde o uso da informação é feito para desinformar a massa da população e tem disseminado discursos de ódio, destacando as diferenças e enaltecendo uns em detrimento de outros.

   Compete-nos enquanto educadores em constante desenvolvimento profissional promovermos espaços de reflexão, autoria, contribuindo para que nossas escolas sejam espaços de formação de sujeitos ativos, curiosos, investigativos e criativos.
Referências
HÜHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica.
Programa Ponto a Ponto. O impacto das redes sociais nas vidas das pessoas. Disponível em: <https://youtu.be/crlhoz7IVeY>. 

sábado, 2 de setembro de 2017

Refletindo sobre o conceito de aprendizagem

fonte: http://www.pequenopolisba.com.br/site/wp-content/uploads/2015/02/saladeaula2.jpg



     A Aprendizagem é um processo que resulta em construção do conhecimento, no desenvolvimento do sujeito.
    Ela se dá de diferentes maneiras, uma vez que aprendemos ao nosso tempo e modo.
    Existem fatores que favorecem (ou não) a aprendizagem, bem como maneiras que contribuem (ou não) para que os sujeitos possam aprender. Enfim, é um processo onde cada sujeito tem uma construção.
   Becker e Marques afirmam que a aprendizagem é um processo de desenvolvimento dos sujeitos, uma construção, que perpassa por patamares. À medida que vai perpassando-os, vai sendo mais desenvolvida e elaborada, de níveis mais simples para mais complexos.
    Não podemos enquanto educadores ter uma prática de ensino conteudista, entendida como a transmissão da maior quantidade possível de conteúdos no tempo letivo disponível, ou simplesmente adotando um livro didático como guia. Tampouco, podemos partir do pressuposto de que o aluno já sabe tudo.
     É fundamental exercermos o papel de mediadores do conhecimento. O uso de recursos que dão significado ao processo, de materiais concretos, tecnologias, coisas do cotidiano dos alunos. É preciso para enriquecer o processo de desenvolvimento dos sujeitos.
     Os autores acima também destacam o papel da afetividade neste processo de construção do conhecimento que resulta na aprendizagem dos alunos, trazendo os ideais defendidos por Freud que afirmava que "aprendemos por amor a alguém ou alguma coisa". 
     Ainda existe a questão do erro construtivo, que também observamos nos estudos de Jussara Hoffmann, autora nacionalmente conhecida por suas pesquisas. Entender como o sujeito pensa e o que representa aquilo que ele expressa é um aspecto fundamental para compreendermos como ele aprende.

Referências
BECKER, Fernando; MARQUES, Tania B. I. Aprendizagem humana: processo de construção.Texto publicado na Pátio. Revista Pedagógica. Ano IV, Nº. 15, p.58-61, nov. 2000/jan. 2001. ISSN 1518-305X.

Iniciando mais um semestre: eixo VI do PEAD



    Estamos iniciando mais um semestre do curso de Pedagogia à Distância na UFRGS.
    Mais um desafio e um passo na construção do nosso ser docente, aliando nossa prática profissional docente e nossas aprendizagens ao longo deste novo eixo.
    Passaremos um olhar mais especial para as questões do pensamento e da aprendizagem escolar, desde a Filosofia da Educação, Questões étnico-raciais, deficiências e do desenvolvimento e da aprendizagem sob o enfoque da Psicologia.
    Que ao final do período que ora inicia, possamos alçar mais passos em nosso desenvolvimento profissional docente enquanto sujeitos ativos e reflexivos da e sobre a nossa prática.