sexta-feira, 14 de julho de 2017

Trabalhando com os Projetos de Aprendizagem: reflexões

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Ao longo deste semestre desenvolvi o projeto sobre os “Vulcões” com os alunos do 6º Ano. O projeto teve início durante o estudo do Planeta Terra e sua estrutura interna/externa, quando surgiu a indagação “Por que no Brasil não ocorrem os vulcões?” que partiu dos alunos. Partindo desta pergunta, o projeto sobre os vulcões foi desenvolvido com os alunos, que optaram por organizar-se em duplas para realizar pesquisas e trazer materiais para discussão e informação de toda a turma.
A culminância do projeto se deu através da confecção de um vulcão por cada uma das duplas de alunos usando materiais diversos (argila, madeira, detergente, vinagre, bicarbonato de sódio, etc.), onde os alunos puderam experenciar, na prática, fazendo seus vulcões entrarem em erupção.
Foi um período muito intenso e enriquecedor para a prática docente e para a construção do conhecimento dos alunos, porque por meio da pesquisa, da interação e da atividade prática, aprenderam sobre o tema do projeto de forma diferente, instigante. Foi notório entre os alunos que as aulas e a aprendizagem foram significantes, uma vez que partiu de interesses da turma, além de que eles pesquisaram e buscaram informações para responder as suas dúvidas e confirmar (ou não) suas certezas.
Esta metodologia de trabalho requer uma atenção e planejamento consolidado do professor e embora haja um planejamento para sua realização, o andamento do mesmo reserva muitas surpresas e momentos que enriquecem a aprendizagem, além de constantes trocas entre os alunos. O foco passa para os alunos têm papel ativo na pesquisa.
       É possível desenvolver o projeto em todas as faixas etárias e turmas distintas, respeitando o tempo e espaço de cada aluno. esta prática exige uma dedicação e trabalho mais dispendioso do professor, pois não existe etapa ou cronologia rígida, à medida que o trabalho vai sendo desenvolvido é que as interlocuções vão acontecendo.
Embora de início tenha parecido um trabalho de grandes dificuldades e entraves, o PA possibilitou uma grande aprendizagem, inclusive no momento de compartilhamento de todos os projetos realizados em aula presencial. Resultou num enriquecimento para nossa prática docente passando o aluno para o papel de protagonista de sua aprendizagem.
      O professor passa do papel de transmissor para mediador do conhecimento, no qual os alunos têm participação ativa na pesquisa, discussão e troca de ideias. O aprendizado é compartilhado - um aprende com o outro. O docente deve ser o mediador no processo de construção do conhecimento em sala de aula, deve encorajar os alunos a buscarem, a serem questionadores, a terem o prazer de aprender e saber por que e para que serve o que estão aprendendo. Formar pessoas conscientes.

Reconstruindo as aprendizagens de Organização do Ensino Fundamental

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     A Interdisciplina Organização do Ensino Fundamental é fundamental para o estudo de nós professores que atuamos nesta faixa etária, para compreender sua organização e os aspectos que são propulsores de sua dinâmica.
   Mesmo na modalidade à distância, as possibilidades e aprendizagens (reflexões) foram muito aprofundadas.
     O primeiro aspecto, tratou dos 20 anos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, normatizadora da educação brasileira. Conhecer as políticas educacionais e interpretá-las é importante para termos a realidade educacional do nosso país e compreender como as políticas conduzem as ações.
    As políticas educacionais como conjunto de textos legais (leis, decretos, portarias, normas etc.), devem ser lidas e interpretadas por nós educadores, pois faz parte de nossa formação como sujeitos e atores políticos.
     Outro aspecto sobre o qual estudamos ao longo do semestre foi sobre a Gestão Democrática, normatizada na CF de 88 e LDB, que embora tenha avançado muito ao longo das últimas décadas, ainda tem um grande e persistente caminho para sua consolidação. O principal desafio é constituir espaços ativos e reais de participação de toda a comunidade, além da transparência das ações praticadas. A maioria das redes ainda não possui eleição para diretores, o que é um aspecto constitutivo da GD fundamental para sua efetivação. Além disso, o Plano Nacional de educação, na meta 19, associou critérios técnicos e de desempenho para escolha dos gestores escolares, o que representou uma perda da luta e conquistas da participação social que houve durante toda a discussão do PNE.
     A constituição dos Conselhos Escolares através de regulamentação por lei, para garantir seu funcionamento como parte ativa no processo democrático das escolas também é fundamental.
     Durante o semestre partindo dos textos e proposições da interdisciplina olhei muito para minha prática profissional e a realidade que vivo diariamente, percebendo que há um caminho a ser percorrido, com mobilização de todos os setores da comunidade na garantia de uma participação efetiva de todos, assegurando a gestão democrática na sua integralidade, incluindo o aspecto do protagonismo dos nossos estudantes na escola, que muitas vezes não têm este espaço de participação.
    Por fim, a reflexão sobre o tema da avaliação que é muito delicado em nossos espaços escolares, pois há diversas formas de avaliar e visões que permeiam este tema. O que é importante repensar são as práticas da escola tradicional com sistema prova/trabalho como propulsores da avaliação, em detrimento da consideração dos aspectos que formam o contexto do cotidiano das salas de aula, os avanços, necessidades e percursos individuais de cada aluno.
     Mas abrindo os espaços para a participação efetiva de todos, principalmente na (re)elaboração dos projetos político-pedagógicos (PPPs), regimentos escolares, entre outros, bem como discutir com a comunidade e planejar as ações, metas e objetivos, de forma compartilhada, são alguns caminhos para concretização da GD e da melhoria da qualidade da educação nos espaços escolares.

domingo, 2 de julho de 2017

Refletindo sobre a avaliação

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      Falar em avaliação sempre é algo muito complexo, dinâmico. Existem muitas concepções e práticas de avaliação no cotidiano. Na escola, então, embora haja um sistema de avaliação normatizado pelo regimento escolar, pelo PPP, há diferentes concepções sendo praticadas neste ano.
        A avaliação sempre existiu e existirá. Afinal, ela é um ato permanente na nossa vida. De uma forma ou outra, estamos sempre refletindo sobre o que fizemos, planejando o que vamos fazer....
       Na escola, a avaliação deve ir além de atribuir uma classificação, nota ou conceito. Ela serve para refletirmos quem são os nossos alunos, acompanhar a construção do conhecimento de forma que atenta ao tempo e espaço de cada educando, tendo o cuidado de que todos aprendam. Ela tem a ver com o desenvolvimento intelectual e moral dos nossos alunos.
       O aluno precisa tornar-se aprendiz: agir muito, perguntar, interagir. Para o professor, a avaliação é um ponto de partida, um modo de escuta  (de si próprio e das crianças), o que ele quer e está fazendo com sua prática. Deve pensar como a criança pensa, mediar suas possibilidades cognitivas, pensar sobre seu pensamento.
    Este acompanhamento exige progressão, articulação das ações: propor, observar, introduzir, enriquecer, redirecionar.
      Avaliação é sempre uma relação dual: há o avaliador e o avaliado. De uma forma ou outra, o avaliador sempre interfere na vida do avaliado: diz se é ou não capaz de aprender, o promove como ser moral, intelectual. Assim, a autonomia está diretamente ligada à questão da avaliação.
     Ela deve ter por objetivo promover estratégias e oportunidades de aprendizagem, superando as dificuldades, um acompanhamento em benefício do alunos, baseados em princípios éticos. Observando, poderemos agir melhor enquanto educadores.
       Na escola onde atuo até que se chegasse a um consenso sobre o processo de avaliação, houve muitas discussões e proposições, pois muitas eram as visões, opiniões e resistências. No ciclo da Alfabetização (1º ao 3º Ano) temos uma avaliação expressa por meio de relatórios descritivos, onde o percurso e desenvolvimento do aluno é o foco, pautando na superação das suas dificuldades e transpondo os obstáculos para que todos aprendam. Claro, que na prática, nem sempre isso acontece, haja visto estarmos preso à práticas tradicionais que muitas vezes foram construídas em nossa história como avaliados pelo processo.
       Do 4º ao 9º Anos, a avaliação na escola é expressa por meio de notas, acompanhadas de relatórios. Nesta etapa, é possível muitas vezes observamos que os aspectos quantitativos muitas vezes prevalecem sobre os qualitativos e sobre a reflexão do processo de construção do conhecimento do aluno em seu todo.  Mas muito já se avançou quanto à avaliação, restando ainda superar algumas barreiras que insistem em permanecer. 

      É um processo que vai sendo aperfeiçoada em nosso prática docente, aliada ao nosso desenvolvimento profissional, interação, observação, aprendizagens e reflexão sobre a prática.

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sábado, 1 de julho de 2017

A Gestão Democrática em foco

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A abertura dos espaços de participação social sempre foi uma luta importante em nosso país. Embora a Constituição Federal de 1988 já estabelecesse no inciso VI do artigo 205 a Gestão Democrática (GD), foi a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) lei nº 9.394/1996, que passou a normatizar a Educação no país, que ela ganha força.
A partir de então, diversas políticas públicas passaram a estabelecer mecanismos e instâncias de participação em toda a sociedade civil. Na escola, antes o diretor tinha poderes de decisão, uma vez que era ele quem tomava as decisões finais sobre questões relacionadas à escola. Com esta mudança na legislação, assistimos ao surgimento de mecanismos de participação social, resultantes também de várias instâncias de mobilização, nascidas principalmente nos movimentos sociais.
Neste sentido, a gestão democrática da escola pública passou a ser defendida e implementada nos sistemas de ensino, embora que em alguns isto ocorra paulatinamente, enquanto que em governos mais vinculados à participação social isso ocorreu com mais força e facilidade. Diversas instâncias da GD são possíveis de serem postas em prática na escola, sendo as mais comuns a eleição de diretores[1], Círculo de Pais e Mestres, Conselhos Escolares, Grêmios Estudantis, Conselho de Classe, entre outros.
O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, estabelece no inciso VI do artigo 2º, a promoção do princípio da gestão democrática. A meta 19 deste PNE, trata da implementação em até dois anos após a aprovação do Plano a gestão democrática da educação, embora que tenham sido associados os critérios de mérito e desempenho, aliados aos mecanismos de consulta à comunidade escolar. Na atual situação e conjuntura política do país, assistimos ao esvaziamento do PNE por parte do Governo Federal, uma vez que muitas metas que deveriam estar implementadas e até o momento o Governo não fez nenhum movimento no sentido de fazer cumprir este importante Plano de Estado da Educação para a década 2014/2024.
No caso do sistema municipal de ensino do Município de São Vendelino onde resido e atuo como professor da rede há 14 anos, muitos avanços foram conquistados com relação à ampliação dos espaços de participação da comunidade escolar. O Plano Municipal de Educação (PME) foi aprovado em junho de 2015 estabelecendo prazo de dois anos para assegurar a gestão democrática no sistema municipal de ensino. Uma lei municipal ao final de 2016 criou o Conselho Escolar para o sistema, que deveria ter sido implementado já no início do ano letivo de 2017, mas que até o momento não foi realizado, sem nenhum movimento no sentido de que efetivamente seja posto em funcionamento ainda no decorrer deste ano[2]. Existe somente o Círculo de Pais e Mestres que atua na escola juntamente com a equipe de gestão. De acordo com a entrevista realizada, podemos visualizar que existe a participação do segmento pais-direção-professores de forma atuante, sempre que necessário o CPM reúne-se, porém ainda existe um tensionamento das forças, uma vez que o segmento direção e professores é quem tem mais poder de decisão.
Há uma necessidade que persiste no que diz respeito à derrubada de uma série de muros que ainda impedem a relação mais coletiva na escola e a prática efetiva de uma gestão democrática.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988 (com redação atualizada). Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: junho de 2017.

______. Lei Nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. (Com redação atualizada) Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: junho de 2017.

______. Lei Nº 13.005 de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação Disponível em: < www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm > Acesso em: junho de 2017.

SÃO VENDELINO. Lei nº 1.142 de 23 de junho de 2014. Aprova o Plano Municipal de Educação (PME) do Município de São Vendelino/RS e dá outras providências. Disponível em: <http://www.camarasaovendelino.cespro.com.br/visualizarDiploma.php?cdMunicipio=7944&cdDiploma=20151142&NroLei=1.142>. Acesso em: junho de 2017.


[1] Assistimos ainda a um tensionamento quanto à eleição de diretores, haja visto que a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 37 estabeleça que a nomeação de cargos em comissão e funções gratificadas seja de livre nomeação e exoneração pelo poder Executivo, existem muitos sistemas de ensino em que já ocorre a eleição de diretores, restando como desafio a implementação em todas as escolas públicas.
[2] Em São Vendelino houve um governo interino no período janeiro a março de 2017 uma vez que o candidato com maior número de votos na eleição de outubro do ano passado foi cassado. Desta forma, uma nova eleição foi realizada em 12 de março, tendo o novo governo eleito tomado posse em abril. Assim, houve a troca da equipe de toda a administração municipal e mesmo com a troca, nem a anterior nem a atual preocupou-se com a implementação dos Conselhos Escolares.