fonte: http://blog.cienciasecognicao.org/wp-content/uploads/2016/03/Inclusao-Anne-2.png
A questão da inclusão das pessoas com deficiência passou a incluir a pauta das políticas educacionais e das ações governamentais principalmente na última década. Temos assistido a um processo lento, que avança paulatinamente, superando novos desafios que se colocam no caminho, a cada dia. A existência de políticas que garantem a matrícula preferencialmente em classes regulares e o apoio de profissionais, bem como a formação continuada docente visando o atendimento a todos os alunos, de acordo com suas particularidades e seu tempo e espaço, mostrou-se muito avançada.
Porém, enquanto docentes, no cotidiano de nossas escolas, muitas vezes nossos discursos contrastam com nossas práticas. É comum percebermos que em classes com alunos com deficiência incluídos, há uma visão de que ele aprenderá o mínimo possível perante suas “limitações”. Ora, embora pareça incoerente e inaceitável nos dias atuais, é freqüente esta prática e pensamento no cerne das instituições escolares.
Lembro-me, quando aluno, no final da década dos anos 1990, numa escola da rede estadual, no interior do nosso estado, que em toda a escola, que na época tinha mais de 300 alunos, havia um aluno cadeirante naquele ambiente sem nenhuma acessibilidade. Ainda hoje recordo que os colegas de sua turma (na época 6ª série do Ensino Fundamental) já o esperavam no portão da escola e conduziam sua cadeira de rodas pelos seus espaços, que contavam com muitas escadas e degraus; nestes, o aluno cadeirante era carregado no colo por colegas, enquanto outros levavam sua cadeira. Quando ele precisava ir ao banheiro, colegas sempre se colocavam à disposição e o auxiliavam; o mesmo durante o recreio, já que ele não ficava na sala de aula, era conduzido até o pátio. Este contexto mostra que os estudantes têm mais facilidade de interação e aceitação de cada um, respeitando suas particularidades.
Percebemos que alguns docentes muitas vezes sabendo que no ano escolar seguinte receberão um aluno com deficiência, alegando “falta de formação” pedem para serem trocados de turma. Muitas desculpas até são utilizadas para amenizar, afirmando que o colega tem mais experiência e formação, ou até que o aluno não precisa “aprender o mesmo” que os colegas, entre outros.
Estamos acostumados a homogeneizar a um padrão que sequer padrão é. Cada um de nós somos diferentes, temos nossas características, particularidades, necessidades, aprendemos a um tempo e espaço diferentes, somos hábeis em alguma coisa.
Concordo com a visão de Carlos Skliar que afirma que se muito falamos de inclusão é porque ela efetivamente não está ocorrendo e não faz parte do cotidiano de nossas escolas, ainda é um desafio. Escola, segundo o autor, é lugar de se encontrar, de hospitalidade: receber o outro e oferecer tudo o que é possível, criando um pacto de amizade, de amorosidade.
Amaral empresa a expressão diversidade da natureza e da condição humana ao discorrer sobre o assunto. Avançamos muito em termos de inclusão, mas ainda temos muito a construir visando transformar a escola e a sociedade num espaço de convívio de e para todos, abandonando modelos predeterminados e padrões do que julgamos normalidade, afinal “ser diferente é normal”.
Ao longo do PEAD fizemos estudos e reflexões sobre inclusão. Quando fui realizar minha prática docente, no estágio, me deparei com uma turma da EJA e 3 alunos de inclusão em sala, cada um com suas necessidades específicas. Até então, não considerados nas suas particularidades, reprovavam ano por ano, estando repetindo a mesma série por longos períodos. Estabelecemos, na escola, um olhar acolhedor, trabalhando com suas necessidades, visando sua efetiva inclusão e aprendizagem dentro de suas possibilidades.
Ao longo do PEAD fizemos estudos e reflexões sobre inclusão. Quando fui realizar minha prática docente, no estágio, me deparei com uma turma da EJA e 3 alunos de inclusão em sala, cada um com suas necessidades específicas. Até então, não considerados nas suas particularidades, reprovavam ano por ano, estando repetindo a mesma série por longos períodos. Estabelecemos, na escola, um olhar acolhedor, trabalhando com suas necessidades, visando sua efetiva inclusão e aprendizagem dentro de suas possibilidades.
Referências
AMARAL, Ligia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação.
SKLIAR, Carlos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sFU02gs-MWk>. Acesso em: out. 2017.