sábado, 29 de junho de 2019

Revisitando postagens - XI

Desafios da inclusão

fonte: http://blog.cienciasecognicao.org/wp-content/uploads/2016/03/Inclusao-Anne-2.png


A questão da inclusão das pessoas com deficiência passou a incluir a pauta das políticas educacionais e das ações governamentais principalmente na última década. Temos assistido a um processo lento, que avança paulatinamente, superando novos desafios que se colocam no caminho, a cada dia. A existência de políticas que garantem a matrícula preferencialmente em classes regulares e o apoio de profissionais, bem como a formação continuada docente visando o atendimento a todos os alunos, de acordo com suas particularidades e seu tempo e espaço, mostrou-se muito avançada.
Porém, enquanto docentes, no cotidiano de nossas escolas, muitas vezes nossos discursos contrastam com nossas práticas. É comum percebermos que em classes com alunos com deficiência incluídos, há uma visão de que ele aprenderá o mínimo possível perante suas “limitações”. Ora, embora pareça incoerente e inaceitável nos dias atuais, é freqüente esta prática e pensamento no cerne das instituições escolares.
Lembro-me, quando aluno, no final da década dos anos 1990, numa escola da rede estadual, no interior do nosso estado, que em toda a escola, que na época tinha mais de 300 alunos, havia um aluno cadeirante naquele ambiente sem nenhuma acessibilidade. Ainda hoje recordo que os colegas de sua turma (na época 6ª série do Ensino Fundamental) já o esperavam no portão da escola e conduziam sua cadeira de rodas pelos seus espaços, que contavam com muitas escadas e degraus; nestes, o aluno cadeirante era carregado no colo por colegas, enquanto outros levavam sua cadeira. Quando ele precisava ir ao banheiro, colegas sempre se colocavam à disposição e o auxiliavam; o mesmo durante o recreio, já que ele não ficava na sala de aula, era conduzido até o pátio. Este contexto mostra que os estudantes têm mais facilidade de interação e aceitação de cada um, respeitando suas particularidades.
Percebemos que alguns docentes muitas vezes sabendo que no ano escolar seguinte receberão um aluno com deficiência, alegando “falta de formação” pedem para serem trocados de turma. Muitas desculpas até são utilizadas para amenizar, afirmando que o colega tem mais experiência e formação, ou até que o aluno não precisa “aprender o mesmo” que os colegas, entre outros.
Estamos acostumados a homogeneizar a um padrão que sequer padrão é. Cada um de nós somos diferentes, temos nossas características, particularidades, necessidades, aprendemos a um tempo e espaço diferentes, somos hábeis em alguma coisa.
Concordo com a visão de Carlos Skliar que afirma que se muito falamos de inclusão é porque ela efetivamente não está ocorrendo e não faz parte do cotidiano de nossas escolas, ainda é um desafio. Escola, segundo o autor, é lugar de se encontrar, de hospitalidade: receber o outro e oferecer tudo o que é possível, criando um pacto de amizade, de amorosidade.
Amaral empresa a expressão diversidade da natureza e da condição humana ao discorrer sobre o assunto. Avançamos muito em termos de inclusão, mas ainda temos muito a construir visando transformar a escola e a sociedade num espaço de convívio de e para todos, abandonando modelos predeterminados e padrões do que julgamos normalidade, afinal “ser diferente é normal”.
 Ao longo do PEAD fizemos estudos e reflexões sobre inclusão. Quando fui realizar minha prática docente, no estágio, me deparei com uma turma da EJA e 3 alunos de inclusão em sala, cada um com suas necessidades específicas. Até então, não considerados nas suas particularidades, reprovavam ano por ano, estando repetindo a mesma série por longos períodos. Estabelecemos, na escola, um olhar acolhedor, trabalhando com suas necessidades, visando sua efetiva inclusão e aprendizagem dentro de suas possibilidades.


Referências
AMARAL, Ligia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação.
SKLIAR, Carlos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sFU02gs-MWk>. Acesso em: out. 2017.

Revisitando postagens - X

Consciência e criticidade: sujeitos e educação


Paulo Freire discorre sobre como entende o ser humano e a sua história. Ou seja, a natureza humana constituindo-se social e historicamente. Natureza esta, com uma trajetória marcada pela finitude, pela inconclusão.
Neste sentido, a consciência do inacabável acaba por tornar o ser humano em educável. Existe assim uma necessidade de existência relacional, uma existência de contatos, de vida.
Freire destaca a importância da relação dialógica como prática fundamental à natureza humana e opção democrática. Não há comunicação sem que haja dialogicidade. Esta relação dialógica, aponta o autor, é fundamental para o conhecimento; para que ela exista, é necessário que haja curiosidade, inquietação e respeito mútuo entre os sujeitos. Entende a curiosidade como uma abertura à compreensão, ao desafio.
Para que seja possível a rigorosidade metódica, que é a passagem do senso comum para o conhecimento científico, o autor aponta a necessidade de haver uma distância epistemológica, tomando em mãos o objeto a ser conhecido para poder conhecê-lo. É necessária, assim, a disposição do ser humano para espantar-se diante das pessoas; de explicar, buscar a razão dos fatores, sermos “seres de pergunta”. A indagação é uma atividade gnosiológica que possibilita ao sujeito conhecer.
Amplia suas reflexões apontando a tecnologia como facilitadora deste processo, pois possibilita encurtar o espaço e tempo. Alerta também a necessidade de transformar o espaço escolar num espaço aberto ao exercício da curiosidade epistemológica, exercício do qual deveriam se preocupar os projetos educativos.
Faz críticas à educação bancária, à memorização, aos exercícios repetitivos. Esta prática implica numa visão tecnicista da educação, onde todos são tratados de forma homogênea, visando a um treinamento instrumental em busca de uma sabedoria de resultados. Quem se preocupa disso são os regimes autoritários a quem define como inimigos da democracia.
Atenta para a importância do docente no processo de tornar a educação mais progressista. Para que isso acontece, lista a necessidade de que haja a valorização da carreira, melhor remuneração e necessidades dos docentes refletirem da e sobre a sua prática.
Segundo o autor, o educador progressista desafia a curiosidade ingênua dos estudantes, visando desenvolver a criticidade, desocultando “verdades escondidas”.
Termina alertando a preocupação que possui sobre o aumento da distância entre a prática educativa e o exercício da curiosidade epistemológica.
Hoje vivemos um cerceamento da liberdade de expressão. O movimento direitista tem se disseminado pelo mundo, inclusive no Brasil, criando um estado policialesco. A escola acaba sofrendo diretamente, já que movimentos visam interferir no seu funcionamento e limitar a formação de educandos críticos e reflexivos. Há a necessidade de nos transformarmos constantemente e lutarmos para que o espaço escolar vá além do ensino tradicional, continuando a ser um espaço de reflexão e formação.
A EJA é uma modalidade em que os estudos de Freire são base de estudo e sustentação.
Olhar e pensar a EJA implica em tecer pressupostos da teoria de Paulo Freire para a importância da Educação de Jovens e Adultos no processo de empoderamento dos sujeitos e transformação social do nosso país. Um conceito muito importante da teoria de Freire, o EMPODERAMENTO, se constitui num ato social e político. Relacionado à potencialidade criativa e, ao mesmo tempo, ao desenvolvimento e potencialização das capacidades dos sujeitos, está intimamente ligado à conscientização: une consciência e liberdade. Ou seja, à medida que as pessoas desenvolvem sua conscientização, atingem sua libertação.
Freire e sua teoria são profundamente otimistas. Ele defende a possiblidade e necessidade da mudança na escola, uma vez que ela tem importante papel na transformação social. Esta mudança é ao mesmo tempo política e pedagógica, pois a escola é um lugar de luta e esperança; por isso, deve ser de qualidade e para todos.




REFERÊNCIA
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Ed. Olho D’Água, 2000, p.74-83.

Revisitando postagens - IX

A escola e as tecnologias

fonte: https://www.slideshare.net/vuldembergue/tecnologia-na-escola-5596693


       Atualmente estamos imersos na sociedade em que as informações se atualizam rapidamente e novas tecnologias são criadas com muita rapidez. Todas estas questões têm reflexo imediato no ambiente escolar.
      Embora a escola tenha demorado mais tempo para se apropriar das tecnologias para delas fazer seu uso pedagógico, atualmente é possível desconectar as tecnologias de aprendizagem.
        Percebemos que muitos professores ainda têm muitas dificuldades em fazer o uso pedagógico das tecnologias. Primeiro, porque a maioria é de uma geração em que não existiam as tecnologias que hoje estão disponíveis e necessitam (re)aprendê-las. Segundo, um planejamento mais elaborado para dar finalidade pedagógica às tecnologias e seu uso com os alunos.
         Se olharmos para nossa História, percebemos que em diferentes épocas e contextos, cada um a seu tempo, existiam instrumentos que serviam para as finalidades, de acordo com o período histórico.
       É claro que atualmente existem muito mais opções que estão disponíveis, cabe a nós docentes nos adaptarmos e fazermos seu uso pedagógico.
         E nossas escolas, estão aproveitando as tecnologias? E nós professores?
         Cabe a cada um fazer uma reflexão......
         Para nós, do PEAD, fomos provocados e instigados ao longo de todo nosso curso para inserirmos as TICs em nosso fazer pedagógico, visando qualificar nossa prática docente.
         O uso das TICs foi fundamental na minha prática do estágio na EJA, onde consegui dar mais sentido aos estudantes e instigá-los a participar atividades, tornando-se protagonistas no processo de construção do conhecimento.

Revisitando postagens - VIII

Reflexões iniciais sobre a Educação de Jovens e Adultos

Fonte: http://educamaisbrasil.blog.br/eja-2018/


     Chegamos a mais um semestre do PEAD. Novos conceitos, novas aprendizagens.
         Vamos lançar um olhar dedicado à Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
     A EJA, historicamente, acolhida pelas diversas políticas educacionais, atendeu a objetivos e visões específicas.
       Inicialmente criada com o objetivo de qualificar a mão-de-obra para o pleno desenvolvimento industrial do país, atendia um público-alvo que hoje em diante está bem diferente.
          Novas gerações, diferentes contextos.
       Pensada como uma modalidade para atender aqueles que não tiveram o acesso a educação escolar na idade considerada apropriada, motivada por diversas questões sociais (pobreza, necessidade de trabalho, gravidez, acesso etc.), hoje podemos falar numa nova "roupagem" da EJA.
        É comum observarmos em sua maioria jovens, adolescentes e até adultos que abandonaram a escola ou, ainda, aqueles que foram passados para a EJA por razões diversas (reprovações, dificuldades de aprendizagem etc.).
       É fato que a EJA se constitui como uma modalidade muito importante e necessária para o Brasil, onde ainda prevalecem distorções e disparidades muito grandes.
      Muitos são os desafios, mas é fundamental pensarmos nos contextos e organização da EJA para atender o público-alvo e dar conta desta grande demanda educacional e social do nosso país.
         Hoje, chegando ao final desta etapa de formação do PEAD, após realizar meu estágio nesta modalidade, percebo o quão necessária são políticas específicas para a EJA, visando ampliar e qualificar a oferta no país. Vivemos um ano tenso, com governo reduzindo o papel do estado e das políticas públicas, devemos nos mobilizar para a garantia e ampliação desta oferta, com formação docente adequada, infraestrutura, bem como repensar as metodologias adotadas.

Revisitando postagens - VII

O uso pedagógico das tecnologias

fonte: http://www.cidademarketing.com.br/2009/blog/mercadologia/236/instituto-claro-lana-cartilha-tecnologias-na-escola-.html

       Nossa escola, embora situada no século XXI, mantém práticas arraigadas à época da sua criação. Ainda temos um sistema extremamente rígido, seriado e classificatório, onde a lógica da avaliação enquanto classificação ainda prevalece sobre a aprendizagem.
      Vivemos numa época em que as tecnologias são parte constituinte da vida de todos. Desde pequenos, já somos expostos a elas, seja no contato com telefones celulares que executam funções que vão muito além de fazer ligações ou enviar mensagens, até computadores ou outros que são facilmente dominados, principalmente pelas crianças, que geralmente aprendem mais rapidamente a fazer seu uso.
    O desafio está posto para a Educação. Embora as Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC) terem sido introduzidas nas instituições escolares, meio que à força, sem necessariamente ser da vontade destas e dos docentes, ainda são postos desafios que necessitam ser transpassados para que elas façam parte realmente do processo de construção do conhecimento, com novas e infinitas possibilidades.
      Primeiro, temos de pensar na infraestrutura de TODAS AS ESCOLAS do Brasil. Ainda encontramos muitas escolas que não possuem sequer um laboratório de informática ou acesso à internet que possibilite o uso educacional. 
      Segundo, a manutenção destes equipamentos e sua substituição. Grande parte das escolas foi contemplada com diversos equipamentos tecnológicos e carecem de sua substituição.
      Terceiro, incorporar à prática dos docentes o uso das tecnologias como novas possibilidades de ensinar e de aprender. Elas demandam mais tempo e planejamento, o que muitas vezes desestimula os professores a utilizarem, haja visto que estão sobrecarregados de tarefas burocráticas, jornadas exaustivas e número elevado de alunos por turma. Também temos de apontar certa resistência por parte de muitos docentes que foram formados de forma tradicional, o que resulta em dificuldades de mudança de suas práticas.
       Mas as possibilidades são infinitas. Comecemos utilizando os conhecimentos que os próprios alunos já possuem das diversas tecnologias, que vão desde um celular com acesso à internet a outros equipamentos (notebook, computadores etc.).
      Outra possibilidade reside no planejamento em rede, quando reunir os professores na escola e planejar as finalidades e usos educativos que as tecnologias possibilitam.
      Cabe aos mantenedores das diversas redes, a necessidade de investir na formação continuada dos professores e na oferta de infraestrutura às escolas.
       Cabe a nós, docentes, a mudança de nossa prática docente.
       Neste sentido, durante o estágio docente no final de 2018, provocado ao longo do curso do PEAD, pautei meu planejamento no uso das tecnologias com os alunos da EJA, que até então não estavam acostumados a fazer uso destas como ferramentas de aprendizagem.
        Os resultados foram muito exitosos: alunos motivados, aprendendo, trocando informações e fazendo o uso das tecnologias.
          Houve uma reconfiguração do espaço do aprender, dando mais sentido e significado para o processo de construção do conhecimento.

Revisitando postagens - VI

Refletindo sobre a EJA, seus conceitos e suas funções

Fonte: https://educamaisbrasil2015.com.br/eja-2018/

Os conceitos e funções da Educação de Jovens e Adultos são: função reparadora, equalizadora e qualificadora.
A função reparadora tem a ver com reparar a realidade, considerando uma " dívida inscrita em nossa história social e na vida de milhares de indivíduos". É permitir o acesso a direitos anteriormente negados,  ligados ao acesso a escola e a uma educação com qualidade, além do reconhecimento de uma igualdade ontológica de  todo e qualquer ser humano.
Ela teve origem a partir de um direito negado pelas elites que sempre dominaram o país historicamente: a educação escolar dos negros escravizados, índios reduzidos, caboclos migrantes, trabalhadores braçais e outros.
Ainda hoje dados oficiais apontam a dívida histórica do país a este grupo de desfavorecidos que tiveram um direito muito importante negado por muito tempo na história. A reparação disso é reconhecida como um dos próprios fins da EJA, reconhecendo o advento para todos deste princípio de igualdade.
A função equalizadora está diretamente associada a todos aqueles que não tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário educacional e nem a possibilidade de prosseguimento de seus estudos.
Esta função deve dar conta de trabalhadores e outros segmentos como donas de casa, imigrantes, aposentados e encarcerados.
Seu objetivo reside na reentrada no sistema educacional devido a uma interrupção forçada, associada a repetência ou à evasão, às desigualdades de permanência ou outras condições adversas.
Para tanto, faz-se necessário a abertura de mais vagas para todos estes demandantes desta oportunidade de equalização.
A educação é uma condição necessária para o exercício da cidadania na sociedade contemporânea que cada vez mais exige o desenvolvimento de competências e habilidades. Desta forma, a EJA é uma possibilidade de efetivação de um caminho de desenvolvimento para todas as pessoas, de todas as idades. Permite, ainda, atualização dos conhecimentos, mostra de habilidades, troca de experiências e acesso a novas regiões do trabalho e da cultura.
A função qualificadora tem como objetivo propiciar a atualização de conhecimento por toda a vida, sendo considerada o próprio sentido da EJA.
Ela tem por base o caráter incompleto do ser humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode ou não pode se atualizar nos quadros escolares. Implica numa educação permanente e a criação de uma sociedade educada para o universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade.
Esta função pode ser o caminho de novas descobertas das potencialidades de cada um: o poder de qualificar, se requalificar e descobrir novos campos de atuação como realização de si.
Sendo assim, os desafios são grandes, porém não são impossíveis.
Temos de pensar em muitos aspectos quando nos referimos à EJA, como as leituras nos possibilitaram refletir. Primeiro, pensar num currículo específico para esta modalidade, uma vez que não pode ser uma extensão da estrutura já utilizada nas classes regulares.
Segundo, a abertura de novas vagas e o investimento para que as políticas públicas vigentes deem conta de acolher todo o público-alvo da EJA para quem foram pensadas, permitindo que efetivamente tenham acesso a escolarização e ao desenvolvimento de competências e habilidades que permitam seu contínuo desenvolvimento social.
Outro aspecto muito importante é quem hoje é atendido pela EJA e quem ainda não tem acesso a esta modalidade. Criar condições de acesso e permanência são condições fundamentais para o êxito das políticas públicas e das funções reparadora, equalizadora e qualificadora da EJA.
Outro aspecto que merece relevância é o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs), que são ferramentas que permitem reconstruir nossa prática docente, possibilitando um ambiente interativo e desafiador para os estudantes. As TICs ainda são pouco exploradas nas escolas públicas, principalmente na EJA. Elas apresentam um universo de possibilidades de uso pedagógico em sala de aula, possibilitando ao mesmo tempo interatividade e interconectividade (FAGUNDES, SATO; MAÇADA (s.d.). As autoras alertam:
[...] A grande maioria das metodologias educacionais, e de suas tecnologias, que atualmente são ensinadas nos cursos de formação de professores, mostram-se ineficientes para ajudar o aluno a aprender e desenvolver novos talentos. Não se sabe ajudá-lo a alcançar o poder de pensar, de refletir, de criar com autonomia soluções para os problemas que enfrenta.

Pelo exposto, urge a necessidade de revisitarmos as práticas da EJA, no sentido de propiciar um maior protagonismo dos sujeitos, reconfigurando o espaço da sala de aula, explorando novas ferramentas, aliadas às TICs, garantindo à todos o acesso, a permanência e o sucesso escolar. É hora de dar voz e vez aos sujeitos da EJA, valorizando esta modalidade e pagando nossa dívida histórica com relação à oferta e qualidade que merece.

Referências:
PARECER CEB Nº 11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Revisitando postagem - V

Refletindo sobre a Didática

Fonte: http://novosalunos.com.br/a-importancia-da-inovacao-no-ensino-e-aprendizagem-dos-alunos/



     O estudo da Didática e as teorias sobre o ensinar e aprender buscam efetivamente fornecer subsídios para a aprendizagem de todos.
     Olhando para os escritos de Comênio, percebemos que já no século XVII preocupava-se numa forma de que todos pudesse aprender, de maneira agradável e de forma sólida.
      Isso quer dizer, que o aprender deveria ser algo de interesse, que motivasse os estudantes. Ainda, que as aprendizagens fossem pilares fundamentais para a vida de cada um.
     Além disso, Comênio afirmava que caberia à Didática fornecer meios  que permitissem que os professores ensinassem a todos e que todos aprendessem. Por isso na sua obra referia-se à Didática como "a arte de ensinar".
     Ora, este é um desafio que ainda temos nos dias de hoje. Embora tenhamos avançado muito na compreensão de como os educandos aprendem, cada um a seu tempo e ritmo, ainda insistimos em utilizar a quantificação e classificação como caminhos a serem buscados.
     Ainda ensinamos todos da mesma maneira esperando que todos aprendam. A Escola ainda tem o desafio de repensar sua estrutura fundada no século passado.
    Nós professores precisamos repensar nossa prática docente visando diversificar os recursos e estratégias de aprendizagem.
      No Brasil, atualmente, gastamos muito tempo com as questões de "ordem" em nossas instituições, que são um preciso espaço de tempo que deixamos de propiciar que nossos estudantes sejam protagonistas da construção do seu conhecimento.
     Mas a responsabilidade não é só das escolas e docentes. As instituições formadoras e os governos devem garantir o sucesso das políticas educacionais visando atingirmos a almejada educação com qualidade social.
       A formação de  professores é fundamental para que possamos aperfeiçoar as práticas docentes em todo o país. O PEAD foi uma possibilidade, que todos nós que estamos no curso, de revisitarmos nossas práticas, aperfeiçoando e qualificando nossa ação pedagógica, melhorando os processos educacionais, contribuindo para garantir que todos os alunos aprendam, tenham sucesso escolar.

Referências
COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p. 

Revisitando postagens - IV

Reflexões sobre o ensinar e aprender: o aluno em foco

fonte: http://www.conversaemacao.com.br/ensino-aprendizagem-como-o-seu-aluno-aprende/

Atualmente nos preocupamos em proporcionar que todos os nossos estudantes aprendam, tendo respeitados seu ritmo e tempo para isso. Procuramos diversificar nossa prática docente, permitindo que os alunos aprendam, não mais preocupados em ter um único modelo de ensino cujo objetivo é ensinar o máximo para que os alunos aprendam.
Comênio já tinha a preocupação em respeitar o tempo de cada um, partir de conhecimentos prévios e da realidade como instigadoras de aprendizagem. Ainda, ultrapassar a estrutura rígida de ensino-aprendizagem, para tornar o ambiente dinâmico e que desperte o interesse dos alunos.
Entendo ser o que buscamos hoje em dia em nossas instituições escolares, quando vamos além do espaço oferecido nas salas de aula, para a utilização de outros e diversos recursos e ferramentas que colaborem neste processo. Ainda, vejo que oferecemos mais autonomia para que os próprios estudantes sejam protagonistas de sua aprendizagem, que interajam, busquem, pesquisem e experimentem.
É importante apontarmos que ainda existe uma estrutura rígida e certa resistência por parte de nós professores, porque implica em desacomodação, em repensar nossa prática docente e planejar nossas aulas com objetivos muito claros do que buscamos.
Na minha prática docente busco integrar os alunos na organização das atividades, no planejamento de aulas, na sugestão de formas de interagirmos e desenvolver, sempre que possível, atividades mais práticas.
O uso das tecnologias da informação e comunicação (internet, computadores, celulares) também é importante porque fazem parte da cultura e do cotidiano dos nossos estudantes. Eles têm acesso a variadas informações, de forma instantânea e dominam muito bem estas tecnologias. Entendo que são ferramentas fundamentais e que devem ser exploradas como recursos para a construção do conhecimento.
Mas confesso que nem sempre isso é fácil ou conseguimos. Embora também tenham muita importância, muitas vezes ficamos presos aos livros e outros materiais didáticos que estão à nossa disposição na escola, o que nem sempre possibilita despertar em nossos estudantes o prazer por aprender e descobrir mais.
Neste sentido, percebo no cotidiano escolar elementos da pedagogia de Comênio. A questão da relação professor/aluno, que também considero fundamental para o processo de ensino aprendizagem, pois nem sempre há uma boa relação instituída no ambiente escolar, o que reflete de forma negativa no processo.
Ainda, valorizar os conhecimentos e experiências dos estudantes, respeitar seu tempo de aprender, seu ritmo, buscando que todos aprendam e utilizando estratégias diversificadas para garantir que isso se efetive.
        Esta reflexão do PEAD, nos aponta que mais do que nunca no atual momento que estamos vivendo no país, onde a deconstrução de políticas públicas e desvalorização da escola/professores/alunos por parte do Governo atual, caminha no sentido de diminuir o papel do estado na oferta da educação e na qualidade, visando a volta de uma educação conteudista, tradicional, onde o discurso de que só os melhores aprendem e têm condições de ascender no ensino.

Referência:


DOLL, Johannes; ROSA, Russel Teresinha Dutra da. A metodologia tem história. In: _______ (orgs.). Metodologia de Ensino em Foco: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p.26-29

Revisitando postagens - III

Freire: da leitura do mundo à educação

Fonte: https://pedagogiaparaconcurseiros.com.br/category/paulo-freire/

      Paulo Freire nos ensina que é impossível fazermos a leitura isolada do mundo. Aponta que há um papel político e pedagógico neste processo, como a troca de saberes, a interlocução e o compartilhamento solidário. Daí resulta a existência de tantos mundos quantas leituras possíveis dele. É fundamental que esta leitura de mundo contextualize, geste e emoldure sentidos.
       A Pedagogia de Freire realça a necessidade de uma pedagogia crítica da alfabetização atenta à natureza contraditória da experiência e da voz dos sujeitos. Isso implica num projeto mais amplo de reconstrução social e política. Assinala para a redefinição da natureza e do trabalho docente, apoiados num ensino participativo, na escrita e na pesquisa coletivas e no planejamento democrático. Só assim é possível desenvolvermos uma pedagogia emancipadora.
      Para que isso ocorra, é fundamental que os professores compreendam a crise ideológica e política atual que envolve a finalidade da escola pública e nossa sociedade contemporânea, principalmente no momento atual que vivemos no Brasil, onde parece haver um recuo da democracia. Isso é apontado por Freire em sua teoria.
       Educar é um ato político que permite às pessoas o acesso ao conhecimento da sua realidade, dos seus direitos, de suas potencialidades. Para isso, é necessário desenvolver uma pedagogia libertária que veja a escola como um espaço de cultura, que planeje a escuta e a identificação dos saberes de todos. Isso possibilitará a compreensão de que realizar o projeto pedagógico numa escola é realizar um projeto político, com práticas de cidadania, parte de uma vida social que garanta a democratização deste espaço.
       Freire nos ensino que educar é um ato político, de empoderamento dos sujeitos. E é assim que devem ser as práticas na EJA, dotando os sujeitos de autonomia, responsabilidades e respeitando suas individualidades.
          Segundo o autor, a alfabetização deve dialogar permanentemente com a realidade dos educandos, sendo um ato de criação e recriação. Por isso afirma que alfabetização é um ato de conhecimento.
         Minha prática de estágio na EJA considerou como suporta a teoria de Freire, patrono de nossa educação, pensando num projeto de aprendizagem trabalhando a identidade dos sujeitos, para que se reconheçam como pertencentes a uma história, cultura, comunidade, bairro , escola etc, dotando-os de conhecimentos e tornando-os protagonistas do processo de construção do seu conhecimento.

Referência
GIROUX, Henri. Excerto do texto "Alfabetização e 'empowerment' Político", Introdução do Livro "Alfabetização", de Paulo Freire e Donaldo Macedo
UNIVESP - História da Educação no Brasil - Aula 18 - Paulo Freire e sua proposta de ensino para jovens e adultos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s_3Gmoodpl4&feature=youtu.be> .

Revisitando postagens - II

Refletindo sobre a alfabetização de adultos


fonte: http://fundacaojulita.org.br/alfabetizacao-de-adultos-tem-horarios-flexiveis/


       A educação popular possui muitos desafios, principalmente no que se refere à alfabetização de adultos. Hara (1992) pontua que várias dificuldades estão no cerce deste processo, que envolvem desde a prática docente que não consideram os saberes e experiências dos sujeitos ali presentes e também das enfrentadas pelos adultos, seja de trabalhos exaustivos, condições sociais, etc.
       Os sujeitos que frequentam a EJA são distintos, de realidades diversas, sendo que muitas vezes a educação escolar não é a sua prioridade, haja visto as dificuldades pelas quais passam, já que como Hara (1992) aponta a maioria provém de classes populares. Por isso, ela alerta sobre a necessidade de tornar a prática de alfabetização um ato político, constitutivo dos sujeitos, como ferramenta para seu desenvolvimento.
        Quanto às práticas docentes, sabemos que muitas vezes estão desconexas da realidade. Com relação à formação de professores para atuar na EJA, esta não prepara-os para atuar nesta modalidade e das especificidades de seu público-alvo, fazendo com que tenham que aprender na prática ou mesmo com práticas mecânicas tradicionais de leitura e de escrita, desconsiderando as diversidades dos sujeitos.
      Baseados nos estudos de Paulo Freire, Ana Teberosky e Emília Ferreiro, inferimos que a aprendizagem é um processo ativo e dinâmico, concebendo a visão de homem como sujeito de transformação e compreensão do mundo.
       O que fica bem claro é que tanto para adultos assim como para as crianças, a aquisição da escrita é conceitual e construída por meio das interações dos sujeitos com o meio. Por isso, Hara (1992) alerta para a necessidade de repensarmos as práticas alfabetizadoras com nova perspectiva de ação, já que a escrita é um sistema de representações construídas socialmente na história do homem e dominá-la é um processo cognitivo.
      Cada sujeito organiza de forma diferente seus conhecimentos, operando cognitivamente, o processo de socialização contribui para o desenvolvimento de sua autonomia, contribuindo com diferentes modos de construção do conhecimento.
       Assim, na alfabetização dos adultos, é fundamental considerarmos os saberes já construídos pelos sujeitos, pois estes já possuem uma história e conhecimentos.
           A prática mostrou que a EJA carece urgentemente de novas práticas e espaços. Para isso, há necessidade de se repensar a formação de professores no âmbito das Instituições de Ensino Superior, para que se lance um olhar sobre os sujeitos que ali estão, considerando-os na práxis docente, por isso “[...] o sujeito educador, precisa de uma sólida formação política e social, para atuar frente às propostas pedagógicas incoerentes com o contexto em que se desenvolvem os programas de EJA” (FRIEDRICH, et. al. 2010, p.404).
           Podemos afirmar que o PEAD possibilita uma transformação na formação dos futuros pedagogos, uma vez que permite o trabalho articulado de formação/prática, mediante vivências, experiências pedagógicas, que possibilitam aos novos docentes práticas alinhadas às necessidades dos sujeitos que ali estão.
              Ainda, urge a necessidade de novas políticas públicas com mais atenção à EJA e as condições ofertadas no país, ultrapassando velhas práticas tradicionais de ensino e falta de infraestrutura adequada. O Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em processo de esvaziamento por parte do governo federal, para o qual a educação é inimiga do desenvolvimento do país, é política fundamental que deve(ria) garantir o espaço que a EJA merece no Brasil.

Referência
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio.  3. Ed. São Paulo: CEDI, 1992.


Revisitando postagens - I


A escola e a inovação


fonte: http://porvir.org/escolas-brasileiras-inovadoras-podem-concorrer-em-desafio-internacional/

 Tenho refletido sobre a necessidade da inovação dos sujeitos e espaços e da inovação pedagógica na prática docente.
          Temos historicamente uma escola construída para atender a uma massa de público, oriunda do desenvolvimento econômico do país. A escola pública, de ensino gratuito, de acesso àqueles que não têm condições de arcar com seus estudos.
       Historicamente, o objetivo da escola, além do ensino e aprendizagem, residia na qualificação de mão-de-obra para o mercado de trabalho, em nome do progresso e do desenvolvimento. Até entre as famílias, prevalecia a ideia de uma escolaridade mínima e, assim que for possível, do ingresso no mercado de trabalho.
      Mas este progresso e desenvolvimento, fruto do trabalho humano, favoreceu o desenvolvimento das sociedades. Com o aumento da população, a disponibilidade de grande mão-de-obra, o mercado de trabalho e a sociedade não conseguiram mais atender a todos. Neste sentido, em nome da eficiência e eficácia, uma nova estrutura social e de trabalho foi formada.
           Com as tecnologias avançando rapidamente e estabelecendo-se pelo mundo inteiro, um novo campo surgiu: o da inovação. Empresas e instituições passaram a investir na inovação e selecionar novas pessoas, com perfil dinâmico, inovador e ativo.
       Este rompimento com as estruturas arcaicas da sociedade, que em parte ainda prevalecem em alguns setores, refletiu diretamente na escola e na sua forma de organização. A formação de professores e a prática docente na escola não estavam acompanhando as rápidas mudanças desta sociedade do conhecimento e da tecnologia.
O desafio inicial começou pela formação de professores, nas instituições de educação superior: não se poderiam mais formar docentes, nas velhas práticas, para práticas tradicionais de ensino e transmissão de conteúdos (e não necessariamente de conhecimentos).
           Este movimento refletiu na escola, já que ela é o reflexo da sociedade onde está inserida e sobre ela há  influências diretas. O desafio agora era o da inovação pedagógica dos docentes, que até hoje enfrentam dificuldades por não dominarem as tecnologias suficientemente adequado para lidar com educandos de uma nova geração e uma sociedade de novas características e movimentos.
     Cabe às instituições de ensino superior, de formação de professores, e as mantenedoras de cada um dos sistemas de ensino, a promoção da formação continuada docente, visando seu desenvolvimento profissional, fazendo-o, na prática, refletir e construir uma nova postura docente, que alie conhecimento, tecnologia e inovação, visando preparar os alunos para seres cidadãos críticos e participativos nesta sociedade do conhecimento e da informação.
        Resta ainda o desafio do uso das tecnologias por parte das escolas e dos docentes, não como mero instrumentos, mas como possibilidades de transformação dos espaços escolares em espaços dinâmicos, interativos, de aprendizagem compartilhada, colaborativa e desafiadora.
          Esta provocação de uso das tecnologias foi realizada ao longo do curso do PEAD para que nós, docentes em aperfeiçoamento profissional, repensássemos nossa prática visando fazer uso destas tecnologias em nosso fazer docente. No estágio supervisionado, ao final de 2018, numa turma da Educação de Jovens e Adultos, até então não acostumada a utilizar as tecnologias, passei a aliar o uso das TICs na proposta metodológica utilizada em sala de aula, utilizando como ferramentas facilitadoras da construção do conhecimento aos educandos.
        Meu planejamento sempre esteve aberto e contou com o uso das TICs, o que foi fundamental para perceber a evolução na aprendizagem dos estudantes e a melhora de seu rendimento escolar, relacionando às sua vivências e práticas que realizávamos em sala de aula.
        Mas, infelizmente, há de se repensar a prática e uso das TICs nas escolas, melhorando além da infraestrutura, a formação dos professores e o aprimoramento de experiências exitosas como motivadores de inserção na prática de mais escolas.