domingo, 22 de outubro de 2017

O desenvolvimento cognitivo na teoria de Piaget

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Piaget construiu uma teoria do desenvolvimento que prioriza a inteligência como forma de adaptação ao mundo e organização da atividade mental. Segundo esta teoria, o sujeito constrói conhecimento a partir de interações com objetos físicos e sociais.
A busca do equilíbrio e integração das construções anteriores são os dois princípios que norteiam a teoria do autor.
O desenvolvimento é entendido como equilibração progressiva, passagem contínua de um estado de menor para maior equilíbrio. Ou seja, o desenvolvimento mental é uma construção contínua que tem por finalidade transformar a representação das coisas.
Piaget defende que ao longo do desenvolvimento o sujeito passa por estágios diferentes, entendidos como ordem das sucessões de aquisição de forma constante. Estes estágios são caracterizados por uma estrutura de conjunto e de caráter integrativo, ou seja, as estruturas construídas numa idade se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte.
Cada estágio comporta um nível de preparação e de acabamento. O desenvolvimento psíquico começa quando nascemos até a idade adulta, quando atingimos o que ele chamou de equilíbrio final. Em todos os níveis, a inteligência procura compreender, explicar etc.
Os estágios sãp caracterizados pela aparição de estruturas originais, cuja construção o distingue dos estágios anteriores. Cada estágio constitui uma estrutura particular de equilíbrio, efetuando-se a evolução mental no sentido de uma equilibração sempre mais completa.
Existem, segundo Piaget, mecanismos funcionais comuns a todos os estágios: toda ação (movimento, pensamento, sentimento) corresponde a uma necessidade. Daí decorre que uma necessidade é sempre a manifestação de um desequilíbrio. A ação humana consiste em movimento contínuo e perpétuo de reajustamento ou reequilibração.
Neste sentido, a adaptação é entendida como  equilíbrio das assimilações e acomodações.
Segundo o autor, o período que vai 0 a 2 anos é vital para o desenvolvimento da inteligência, já que as construções aí realizadas são a base para o desenvolvimento posterior (capacidades biológicas e construções psicológicas iniciais). Ainda, do nascimento até a aquisição da linguagem, ocorre um extraordinário desenvolvimento mental considerado pelo autor decisivo para todo curso da evolução psíquica. Trata-se de um período da conquista, através da percepção e dos movimentos, de todo universo que cerca a criança.
A inteligência aparece bem antes da linguagem. Porém, esta inteligência é totalmente prática: utiliza percepções e movimentos organizados em esquemas de ação. A consciência, no sujeito,  começa com um egocentrismo inconsciente e integral até os progressos da inteligência.
Já na primeira infância, que vai dos dois aos sete anos, ocorre o surgimento da linguagem que é a representação verbal. Outras ações que ocorrem nesta fase tratam das trocas entre os sujeitos (socialização), interiorização da palavra (pensamento) e a interiorização da ação. Há o desenvolvimento de sentimentos interindividuais e do mundo social e das representações interiores (a partir do surgimento da linguagem). Neste sentido, a linguagem é um veículo de conceitos e noções que pertence a todos e reforça o pensamento individual com um vasto sistema de pensamento coletivo.

A segunda infância, que vai dos sete aos doze anos, aponta Piaget, trata-se de uma modificação decisiva ao desenvolvimento mental. Coincide com a etapa da escolarização, onde a criança aprende novas formas de organização, tornando-se capaz de cooperar e onde se percebem notáveis mudanças nas suas atitudes sociais, tornando-a suscetível a um começo de reflexão. A prática da cooperação entre as crianças e do respeito mútuo que desenvolve o s sentimentos de justiça.
A reflexão é uma conduta social de discussão interiorizada, onde a criança começa a se libertar de seu egocentrismo social e intelectual. As operações do pensamento correspondem à intuição: forma superior de equilíbrio que o pensamento atinge na primeira infância. Ou seja, as instituições se transformam em operações.
Nesta fase, também, ocorre o desenvolvimento da seriação e a seriação análoga de pesos (a partir dos 9 anos).
Após esta fase, tem início a adolescência. Segundo Piaget, o adolescente é um individuo que constrói sistemas e teorias. Trata-se de uma nova forma de pensamento com ideias gerais e construções abstratas. Nesta fase da vida, há facilidade em elaborar teorias abstratas.
A partir dos 11/12 anos, ocorre a passagem do pensamento concreto para o formal, que se constitui no que Piaget chama de modificação decisiva. Forma-se o pensamento hipotético-dedutivo capaz de deduzir as conclusões de puras hipóteses e não somente através de uma observação real. Esta forma de pensamento envolve dificuldade e um trabalho mental maiores. Esta livre-atividade da reflexão espontânea opõe a adolescência à infância. O equilíbrio é atingido quando a reflexão compreende que sua função é se adiantar a interpretar a experiência.
O adolescente coloca-se em igualdade com os mais velhos, sentindo-se outro, diferente deles, pela vida nova que o agita. Quer ultrapassá-los e espantá-los, transformando o mundo. Com o passar do tempo, adapta-se à realidade quando de reformador, transformando-se em realizador. Em suma: a experiência reconcilia o pensamento formal com a realidade das coisas.
É importante ao docente conhecer como se dá o desenvolvimento cognitivo dos alunos, o que contribui para que planeje seu fazer pedagógico de modo a fornecer experiências que sejam importantes para os mesmos, promovendo uma prática onde a interação instigue a ação. Escolas com práticas que favorecem a ação dos educandos são ambiente facilitador para a construção do conhecimento e desenvolvimento.

Referências
PIAGET, Jean. Os estágios de desenvolvimento cognitivo e da criança.
__________. Seis estudos de Psicologia.

SOUZA, MARIA THEREZA COSTA COELHO DE. A construção cognitiva de si mesmo.

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