fonte: https://educacaopatrimonial.files.wordpress.com/2014/10/edital-escola-lugar-de-brincadeira.jpg
A cultura influencia diretamente
a escola, não necessariamente de forma positiva. Existem lacunas e visões que
emperram seu desenvolvimento. Lembro-me de uma situação cultural ocorrida.
Certa escola, num município do interior, fortemente marcada pela cultura alemã,
recebeu uma professora negra contratada para ser docente das disciplinas de
História e Geografia. Até então, não havia nenhum docente negro que atuava na
rede. Houve grande surpresa e “preocupação” por parte da equipe diretiva e de
alguns professores sobre como seria o “impacto” e “aceitação” por parte dos
alunos. Ora, como deveria ser. Foi muito bem recebida por todos os alunos, logo
estava bem adaptada à escola e todos gostavam muito dela, além de ser uma boa
professora era muito afetuosa, cativou rapidamente a todos.
Esta situação deixa bem
clara ainda a presença de aspectos culturais que ainda tornam-se barreiras,
inclusive nas próprias escolas, espaço de socialização e aprendizagem. O
“choque”, se assim podemos designar, ao receber a professora, não foi dos
alunos. E sim da equipe diretiva e parte dos professores que lá atuava uma vez
que estamos acostumados ao perfil docente branco. Missio e Cunha apontam
aspectos muito relevantes que servem para pensarmos: a escola ainda impõe um
modelo único de cultura, aspecto fundado no fato de que ainda mantém preceitos
e estrutura da época de sua constituição. Alinhando com os vídeos, que pese que
se defenda que a sociedade não discrimina, classifica e que não haveria mais o
preconceito racial, vemos que na verdade ainda é um forte discurso difundido na
sociedade, que não releva as questões escondidas no pensamento e muitas vezes
nas ações praticadas. Há fortemente a presença das diferenças, que ainda têm
dificuldades em serem transpostas, motivadas pela nossa constituição, história
e presença da herança cultural europeia.
Sem falar no fato de que
vivemos um período obscuro no país, com a volta da diferenciação entre as
pessoas, preconceitos, visões de um passado que achávamos superado. O fato
ocorrido e relatado acima mostra que a geração dos alunos tem mais facilidade
em aceitar o diferente, em respeitar a todos como são, do que nossa geração ou
a geração que veio antes deles. Ainda estão arraigados aspectos de um período
em que certos valores e culturas predominavam sobre outros.
Resta-nos o desafio de
transformar esta escola que ainda mantém-se presa ao passado. Começando por nós
mesmos docentes, nossas ações, lembrando-se que ela é um espaço em movimento,
de interação, onde diferentes sujeitos tornam sem espaço rico e plural.
Referências
MISSIO, Luciani; CUNHA, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século
XXI.
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