segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Um olhar sobre minha escola: leituras do coletivo

fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirVoi2bV8Qgb2U6DGUrCLmG6ykdGUooVgtA102rPT1IFRtrFSyp8QaJbwKw4YVf8TdaEAOZXN-1UoQX0w7szjP6zrM7b7a5Ibi7iWzfDQRJf2f8Ihg4NMiCvS84RUdCv2JLolUoJBCN80/s1600/th%255B9%255D.jpg

A escola onde atuo oferece Ensino Fundamental completo; trata-se de uma escola polo, de um pequeno município, a única que oferece esta etapa da Educação Básica da rede municipal. Recebe alunos oriundos de todos os bairros e localidades do Município.
Para que isso ocorresse, foi necessário o fechamento das outras três escolas que haviam no Município, processo ocorrido devido à diminuição de número de matrículas e famílias nestas comunidades. Arroyo afirma no seu texto que [...] Não ter escola ou fechá-la e levar os filhos para outro lugar é sacrificar sua existência como comunidade humana, mais um mecanismo de tornar a comunidade inexistente, invisível.
As escolas que foram fechadas localizavam-se no campo sendo que os alunos foram levados para a escola “da cidade’. Ora, Noé já alertava que o processo educacional emerge  através da família, igreja, escola e comunidade. Desta forma, a escola passa a fazer parte da identidade local, refletindo os sujeitos, seus tempos e espaços. Neste sentido, Arroyo defende que as Escolas devam ter as marcas de suas culturas e identidades, com educadores professores arraigados nas comunidades. Neste sentido, o que observamos com o nucleamento dos alunos, é a destruição das formas ancestrais de viver, de produção da vida humana, das identidades e dos saberes, como o autor aponta em seu texto.
Desta forma, a realidade da educação municipal e da própria escola onde atuo sofreu profundas transformações, principalmente na última década. Sendo a escola como uma construção da modernidade, afirmam Missio e Cunha, percebemos que diferentes sujeitos, de tempos, espaços e realidades distintas passaram a conviver e interagir no espaço escolar. Ao passo que a escola mantém seu preceitos e estruturas muito semelhantes à época da sua constituição, embora os sujeitos e tempos sejam outros. Isto acaba por influenciar e interferir nas relações que se dão dentro e fora dela, incluindo no próprio cerne da comunidade.
Percebo que mesmo muitas mudanças terem acontecido, há a predominância ainda de aspectos que são fortemente marcados por poder, onde as práticas tradicionais ainda emperram uma efetiva gestão democrática e muitas vezes acabam por interferir na transformação do espaço escolar num local dinâmico. Há uma massificação, onde o todo que forma este espaço, mesmo que de origem distintas, são tratados como iguais, no sentido de homogeneizar as práticas, sem considerar suas origens e culturas. Arroyo chama isso de “pedagogias” destruidoras, sacrificiais dos saberes e identidades porque destruidoras de suas formas de produção do viver-ser, da terra, do território, do espaço de onde provém e vivem cada um desses atores, impondo um modelo único de cultura.
Como contraposição, resta o desafio apontado por Arroyo quando afirma que vincular ações coletivas, conhecimento e pedagogias supõe o reconhecimento das experiências e ações desses coletivos organizados ou não em movimentos sociais, bem como de seus contextos, espaços e tempos.
Outro olhar sobre esta realidade, diz respeito ao processo de construção de conhecimento, também emperrado pela homogeneização da forma de ensinar e de aprender, onde todos são ensinadas e devem aprender no mesmo tempo e à mesma velocidade. Candau alerta que o que deve ser mudado não é a cultura do aluno, mas sim a da escola, transformando-a num espaço de múltiplas aprendizagens e trocas, respeitando a autonomia e identidade dos sujeitos que ali interagem.

Referências
ARROYO, Miguel G. Ações coletivas e conhecimento: outras pedagogias?
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação.
MISSIO, Luciani; Cunha, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século XXI.

NOÉ, Alberto. A relação Educação e Sociedade: os fatores sociais que intervém no processo educativo.

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