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A
escola onde atuo oferece Ensino Fundamental completo; trata-se de uma escola
polo, de um pequeno município, a única que oferece esta etapa da Educação
Básica da rede municipal. Recebe alunos oriundos de todos os bairros e
localidades do Município.
Para
que isso ocorresse, foi necessário o fechamento das outras três escolas que
haviam no Município, processo ocorrido devido à diminuição de número de
matrículas e famílias nestas comunidades. Arroyo afirma no seu texto que [...] Não
ter escola ou fechá-la e levar os filhos para outro lugar é sacrificar sua
existência como comunidade humana, mais um mecanismo de tornar a comunidade
inexistente, invisível.
As
escolas que foram fechadas localizavam-se no campo sendo que os alunos foram
levados para a escola “da cidade’. Ora, Noé já alertava que o processo
educacional emerge através da família,
igreja, escola e comunidade. Desta forma, a escola passa a fazer parte da
identidade local, refletindo os sujeitos, seus tempos e espaços. Neste sentido,
Arroyo defende que as Escolas devam ter as marcas de suas culturas e
identidades, com educadores professores arraigados nas comunidades. Neste
sentido, o que observamos com o nucleamento dos alunos, é a destruição das
formas ancestrais de viver, de produção da vida humana, das identidades e dos
saberes, como o autor aponta em seu texto.
Desta
forma, a realidade da educação municipal e da própria escola onde atuo sofreu
profundas transformações, principalmente na última década. Sendo a escola como
uma construção da modernidade, afirmam Missio e Cunha, percebemos que
diferentes sujeitos, de tempos, espaços e realidades distintas passaram a
conviver e interagir no espaço escolar. Ao passo que a escola mantém seu
preceitos e estruturas muito semelhantes à época da sua constituição, embora os
sujeitos e tempos sejam outros. Isto acaba por influenciar e interferir nas
relações que se dão dentro e fora dela, incluindo no próprio cerne da
comunidade.
Percebo que mesmo muitas
mudanças terem acontecido, há a predominância ainda de aspectos que são
fortemente marcados por poder, onde as práticas tradicionais ainda emperram uma
efetiva gestão democrática e muitas vezes acabam por interferir na
transformação do espaço escolar num local dinâmico. Há uma massificação, onde o
todo que forma este espaço, mesmo que de origem distintas, são tratados como
iguais, no sentido de homogeneizar as práticas, sem considerar suas origens e
culturas. Arroyo chama isso de “pedagogias” destruidoras, sacrificiais dos
saberes e identidades porque destruidoras de suas formas de produção do
viver-ser, da terra, do território, do espaço de onde provém e vivem cada um
desses atores, impondo um modelo único de cultura.
Como contraposição, resta o
desafio apontado por Arroyo quando afirma que vincular ações coletivas,
conhecimento e pedagogias supõe o reconhecimento das experiências e ações
desses coletivos organizados ou não em movimentos sociais, bem como de seus
contextos, espaços e tempos.
Outro olhar sobre esta
realidade, diz respeito ao processo de construção de conhecimento, também
emperrado pela homogeneização da forma de ensinar e de aprender, onde todos são
ensinadas e devem aprender no mesmo tempo e à mesma velocidade. Candau alerta
que o que deve ser mudado não é a cultura do aluno, mas sim a da escola,
transformando-a num espaço de múltiplas aprendizagens e trocas, respeitando a
autonomia e identidade dos sujeitos que ali interagem.
Referências
ARROYO, Miguel G. Ações coletivas e conhecimento: outras
pedagogias?
CANDAU, Vera Maria
Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e
cultura(s): uma aproximação.
MISSIO, Luciani;
Cunha, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a
educação moderna no século XXI.
NOÉ, Alberto. A relação Educação e Sociedade: os fatores
sociais que intervém no processo educativo.
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