fonte: http://www.brasilblogado.com/wp-content/uploads/crian%C3%A7as.jpg
Piaget construiu uma teoria
do desenvolvimento que prioriza a inteligência como forma de adaptação ao mundo
e organização da atividade mental. Segundo esta teoria, o sujeito constrói
conhecimento a partir de interações com objetos físicos e sociais.
A busca do equilíbrio e
integração das construções anteriores são os dois princípios que norteiam a
teoria do autor.
O desenvolvimento é
entendido como equilibração progressiva, passagem contínua de um estado de
menor para maior equilíbrio. Ou seja, o desenvolvimento mental é uma construção
contínua que tem por finalidade transformar a representação das coisas.
Piaget defende que ao longo
do desenvolvimento o sujeito passa por estágios diferentes, entendidos como ordem
das sucessões de aquisição de forma constante. Estes estágios são
caracterizados por uma estrutura de conjunto e de caráter integrativo, ou seja,
as estruturas construídas numa idade se tornam parte integrante das estruturas
da idade seguinte.
Cada estágio comporta um
nível de preparação e de acabamento. O desenvolvimento psíquico começa quando
nascemos até a idade adulta, quando atingimos o que ele chamou de equilíbrio final.
Em todos os níveis, a inteligência procura compreender, explicar etc.
Os estágios sãp
caracterizados pela aparição de estruturas originais, cuja construção o
distingue dos estágios anteriores. Cada estágio constitui uma estrutura
particular de equilíbrio, efetuando-se a evolução mental no sentido de uma equilibração
sempre mais completa.
Existem, segundo Piaget, mecanismos
funcionais comuns a todos os estágios: toda ação (movimento, pensamento,
sentimento) corresponde a uma necessidade. Daí decorre que uma necessidade é
sempre a manifestação de um desequilíbrio. A ação humana consiste em movimento
contínuo e perpétuo de reajustamento ou reequilibração.
Neste sentido, a adaptação é
entendida como equilíbrio das
assimilações e acomodações.
Segundo o autor, o período que
vai 0 a 2 anos é vital para o desenvolvimento da inteligência, já que as construções
aí realizadas são a base para o desenvolvimento posterior (capacidades
biológicas e construções psicológicas iniciais). Ainda, do nascimento até a
aquisição da linguagem, ocorre um extraordinário desenvolvimento mental
considerado pelo autor decisivo para todo curso da evolução psíquica. Trata-se
de um período da conquista, através da percepção e dos movimentos, de todo
universo que cerca a criança.
A inteligência aparece bem
antes da linguagem. Porém, esta inteligência é totalmente prática: utiliza
percepções e movimentos organizados em esquemas de ação. A consciência, no
sujeito, começa com um egocentrismo
inconsciente e integral até os progressos da inteligência.
Já na primeira infância, que
vai dos dois aos sete anos, ocorre o surgimento da linguagem que é a
representação verbal. Outras ações que ocorrem nesta fase tratam das trocas entre
os sujeitos (socialização), interiorização da palavra (pensamento) e a
interiorização da ação. Há o desenvolvimento de sentimentos interindividuais e
do mundo social e das representações interiores (a partir do surgimento da
linguagem). Neste sentido, a linguagem é um veículo de conceitos e noções que
pertence a todos e reforça o pensamento individual com um vasto sistema de
pensamento coletivo.
A segunda infância, que vai
dos sete aos doze anos, aponta Piaget, trata-se de uma modificação decisiva ao
desenvolvimento mental. Coincide com a etapa da escolarização, onde a criança
aprende novas formas de organização, tornando-se capaz de cooperar e onde se
percebem notáveis mudanças nas suas atitudes sociais, tornando-a suscetível a
um começo de reflexão. A prática da cooperação entre as crianças e do respeito
mútuo que desenvolve o s sentimentos de justiça.
A reflexão é uma conduta
social de discussão interiorizada, onde a criança começa a se libertar de seu
egocentrismo social e intelectual. As operações do pensamento correspondem à
intuição: forma superior de equilíbrio que o pensamento atinge na primeira infância.
Ou seja, as instituições se transformam em operações.
Nesta fase, também, ocorre o
desenvolvimento da seriação e a seriação análoga de pesos (a partir dos 9
anos).
Após esta fase, tem início a
adolescência. Segundo Piaget, o adolescente é um individuo que constrói sistemas
e teorias. Trata-se de uma nova forma de pensamento com ideias gerais e
construções abstratas. Nesta fase da vida, há facilidade em elaborar teorias
abstratas.
A partir dos 11/12 anos,
ocorre a passagem do pensamento concreto para o formal, que se constitui no que
Piaget chama de modificação decisiva. Forma-se o pensamento hipotético-dedutivo
capaz de deduzir as conclusões de puras hipóteses e não somente através de uma
observação real. Esta forma de pensamento envolve dificuldade e um trabalho
mental maiores. Esta livre-atividade da reflexão espontânea opõe a adolescência
à infância. O equilíbrio é atingido quando a reflexão compreende que sua função
é se adiantar a interpretar a experiência.
O adolescente coloca-se em
igualdade com os mais velhos, sentindo-se outro, diferente deles, pela vida
nova que o agita. Quer ultrapassá-los e espantá-los, transformando o mundo. Com
o passar do tempo, adapta-se à realidade quando de reformador, transformando-se
em realizador. Em suma: a experiência reconcilia o pensamento formal com a
realidade das coisas.
É importante ao docente
conhecer como se dá o desenvolvimento cognitivo dos alunos, o que contribui
para que planeje seu fazer pedagógico de modo a fornecer experiências que sejam
importantes para os mesmos, promovendo uma prática onde a interação instigue a
ação. Escolas com práticas que favorecem a ação dos educandos são ambiente facilitador
para a construção do conhecimento e desenvolvimento.
Referências
PIAGET,
Jean. Os estágios de desenvolvimento cognitivo e da criança.
__________.
Seis estudos de Psicologia.
SOUZA, MARIA THEREZA COSTA
COELHO DE. A construção cognitiva de si
mesmo.