quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Pensamento, erros e ilusões

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Morin em seu texto destaca que todo o conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. Enfrentar este problema é o papel que ele atribui a educação do futuro. Ela deve mostrar que não há conhecimento que não esteja ameaçado destes riscos.
O conhecimento, afirma, é o fruto da tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento, também sujeito a erros.
Neste sentido, Morin aponta que o desenvolvimento do conhecimento científico é um poderoso meio de detecção dos erros e de luta contra as ilusões. Mas alerta, que ele não pode tratar sozinho dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos.
À educação é possível a identificação dos erros, ilusões e cegueiras. A racionalidade também é corretivo, segundo o autor.
Os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente. Um paradigma pode, ao mesmo tempo, elucidar e cegar, revelar e ocultar.
Há de se reconhecimento na educação do futuro um princípio de incerteza racional, segundo Morin.
Os modelos culturais também estão arraigados nas concepções e é papel da educação  romper (ou não) com este ciclo, a importância da criticidade.
Morin aponta que o conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo. Também, alerta para a estreita relação entre afetividade e a inteligência. Em seu texto, afirma que cada mente é dotada de um potencial de mentira para si próprio, esta marcada também por erros e ilusões. Sem esquecer-se do papel da mente em selecionar lembranças que a ele convém, realçar algumas ou apagar outras.
A educação é uma possibilidade de rompimento do ciclo vicioso, mas não esqueçamos que ele afirma que a educação do futuro tem o princípio da incerteza racional.

REFERÊNCIA
MORIN, Edgar. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. In: MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ª ed., São Paulo: Cortez, 2002, p. 19-27.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Pensando nos sujeitos com altas habilidades ou superdotação

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Fazendo-se um olhar e reflexão sobre as escolas e nossa prática docente, percebemos que muitas vezes estamos acostumamos e trabalhamos com uma padronização destes espaços e práticas, homogeneizando-os. Acostumamo-nos a planejar nossas práticas e ações fazendo um olhar padrão para todos os nossos alunos. E quando vamos para a prática muitas vezes acordamos e percebemos que nos esquecemos de levar em conta a heterogeneidade deste espaço que é a escola.
Hoje em dia a literatura existente e as experiências nos ajudam a repensar nossa prática docente, fazendo um olhar mais diferenciado para as necessidades individuais de cada educando, o que nem sempre acaba por se tornar usual no cotidiano.
Vejo que por muito tempo e ainda permanece a dificuldade de identificar, sem o apoio necessário, os sujeitos com altas habilidades ou superdotação em nossos espaços escolares.
A identificação destes sujeitos é o primeiro passo necessário. Mas nem tão simples assim. Mas isso é necessário porque leva em conta as suas características, o que se torna fundamental para as ações educativas. Estas ações precisam ser sistemáticas, articuladas e coerentes.
Um olhar para as diferenças possibilita um ensino mais individualizado, atendendo ao verdadeiro princípio da inclusão. Para que isso ocorra, é necessário que sejam criadas condições educacionais apropriadas.
Embora seja de conhecimento que não exista um modelo ideal e que devemos utilizar um conjunto de combinações e alternativas possíveis, existe a necessidade de flexibilização dos currículos e saberes escolares, de forma que atendam à diversidade apresentadas por cada um dos indivíduos.
Atualmente observamos que o uso de programas extracurriculares e das salas de recursos contribui para que isso ocorra, há ainda um longo e importante caminho a ser percorrido.

Referência

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos/Secretaria da Educação, CENP/CAPE; organização, Christina Menna Barreto Cupertino. – São Paulo: FDE, 2008.

domingo, 19 de novembro de 2017

A escola como espaço de desenvolvimento dos sujeitos

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Nós seres humanos somos marcados pela incessante curiosidade e necessidade de saber mais, de nos desenvolvermos.
As crianças, mais do que os adultos, são perguntadoras e curiosas.
A escola e nós docentes temos papeis fundamentais para motivar a construção do conhecimento das crianças, também através da interação com os demais sujeitos.
Aproveitar a sua curiosidade, indo para além da transmissão de conteúdos e saberes prontos. De acordo com os referenciais, a criança deve aprender a interrogar a natureza e a sociedade, tendo a escola uma missão muito importante neste processo.
A interação social é tão importante para o desenvolvimento e construção do conhecimento do sujeito quanto sua própria ação de descobrir, interagir, desenvolver-se.
O desafio está posto: a escola, aos professores. Repensar e ultrapassar práticas de uma escola conteúdista onde pairam a repetição e a memorização de conhecimentos para um ambiente onde ocorra a construção e desenvolvimento dos sujeitos, que devem ser sempre ativos neste processo.
Estamos acostumados a homogeneizar nossos alunos e muitas vezes não percebemos que as diferenças é que constroem um ambiente mas rico e dinâmico para aprender. Costumamos por vezes utilizar como padrão o aluno que aprende a um tempo e espaço rápido, partindo de um modelo de aluno que não existe, haja visto que cada um aprende ao seu tempo e espaço.
Os estudos de Piaget mostram que o conhecimento resulta de uma interação contínua entre o sujeito, o meio social, os objetos e a realidade que o cerca. Ao agir sobre eles, o sujeito incorpora, assimila, modifica-os e a si mesmo. O conhecimento, é assim, o produto da atividade social.
A escola deveria trabalhar mais com o que o sujeito aprende na vida, aproveitando a sua curiosidade.
O traço característico mais marcante do ser humano é aprender e formar representações adequadas da realidade. Ao longo do nosso desenvolvimento, estas representações vão se tornando cada vez mais complexas e perfeitas.

Referência
DELVAL, Juan. Aprender investigando. In: BECKER, Fernando; MARQUES, Tania. Ser professor é ser pesquisador. 2 ed., Porto Alegre: Mediação, 2010.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Construindo uma inclusão na prática: ultrapassando barreiras

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Partindo de uma reflexão sobre nossa realidade, percebemos que a importância de construir estratégias inclusivas, uma vez que a educação é direito de todos.
A relação entre sociedade e deficiência sempre foi marcada por atitudes, preconceitos, estereótipos, estigmas, sendo que o aluno foi por muito tempo excluído do ambiente educacional e de outros espaços da sociedade.
Neste sentido, a sociedade precisa repensar sua forma de lidar com a deficiência e com os transtornos globais de desenvolvimento (TGD). Faz-se necessária a construção de um novo repertório sobre o TGD (quem são estes sujeitos, seu desenvolvimento etc.), compreendendo as suas especificidades, em especial a tríade comportamento, interação social e linguagem.
Cada criança é única em seu processo de desenvolvimento, não podemos comparar uma criança à outra, mas sim a ela mesma (como era, como está etc.). Assim, é necessária uma observação mais sensível do aluno com TGD.
A escola favorece o desenvolvimento das crianças. O professor é a porta de construção de outros relacionamentos. Ele deve conhecer para pensar e repensar sua prática pedagógica, criar uma abordagem pedagógica para garantir o sucesso da inclusão desses alunos.
Esta abordagem pedagógica para que a criança se sinta pertencente, construa seu conhecimento, desenvolva-se. Para isso é fundamental que o professor tenha rede de apoio (planejamento, estratégias, recursos etc.).
É necessária uma observação mais sensível do aluno. A criança é o resultado das experiências que ela tem ao longo da sua vida. Quanto mais interage e aprende, mais ela se desenvolve.
A adaptação do aluno ocorre de maneira progressiva com o professor, com a escola, com seus pares, com o ambiente. Os rituais da escola são importantes porque funcionam como uma forma de organização interna do aluno.
Por isso, há necessidade de uma observação do professor para as necessidades específicas dos alunos TGD nas três áreas (comportamento, linguagem e interação social).
A escola deve propiciar situações para o desenvolvimento da criança o que exige planejamento, meta e constante observação/mediação. Além disso, a capacitação profissional do professor, a diversificação do material didático, a organização do PPP, adequações curriculares, rede de apoio, novas metodologias e promover parcerias com as famílias.

Referências:
HÖHER, Síglia Pimentel; BOSA, Cleonice Alves. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura.
Transtornos Globais de Desenvolvimento. Disponível em: <https://youtu.be/Tf-R4hGYOFs>. Acesso em: nov 2017.


terça-feira, 31 de outubro de 2017

Consciência e criticidade: sujeitos e educação

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Paulo Freire discorre sobre como entende o ser humano e a sua história. Ou seja, a natureza humana constituindo-se social e historicamente. Natureza esta, com uma trajetória marcada pela finitude, pela inconclusão.
Neste sentido, a consciência do inacabável acaba por tornar o ser humano em educável. Existe assim uma necessidade de existência relacional, uma existência de contatos, de vida.
Freire destaca a importância da relação dialógica como prática fundamental à natureza humana e opção democrática. Não há comunicação sem que haja dialogicidade. Esta relação dialógica, aponta o autor, é fundamental para o conhecimento; para que ela exista, é necessário que haja curiosidade, inquietação e respeito mútuo entre os sujeitos. Entende a curiosidade como uma abertura à compreensão, ao desafio.
Para que seja possível a rigorosidade metódica, que é a passagem do senso comum para o conhecimento científico, o autor aponta a necessidade de haver uma distância epistemológica, tomando em mãos o objeto a ser conhecido para poder conhecê-lo. É necessária, assim, a disposição do ser humano para espantar-se diante das pessoas; de explicar, buscar a razão dos fatores, sermos “seres de pergunta”. A indagação é uma atividade gnosiológica que possibilita ao sujeito conhecer.
Amplia suas reflexões apontando a tecnologia como facilitadora deste processo, pois possibilita encurtar o espaço e tempo. Alerta também a necessidade de transformar o espaço escolar num espaço aberto ao exercício da curiosidade epistemológica, exercício do qual deveriam se preocupar os projetos educativos.
Faz críticas à educação bancária, à memorização, aos exercícios repetitivos. Esta prática implica numa visão tecnicista da educação, onde todos são tratados de forma homogênea, visando a um treinamento instrumental em busca de uma sabedoria de resultados. Quem se preocupa disso são os regimes autoritários a quem define como inimigos da democracia.
Atenta para a importância do docente no processo de tornar a educação mais progressista. Para que isso acontece, lista a necessidade de que haja a valorização da carreira, melhor remuneração e necessidades dos docentes refletirem da e sobre a sua prática.
Segundo o autor, o educador progressista desafia a curiosidade ingênua dos estudantes, visando desenvolver a criticidade, desocultando “verdades escondidas”.
Termina alertando a preocupação que possui sobre o aumento da distância entre a prática educativa e o exercício da curiosidade epistemológica.
Hoje vivemos um cerceamento da liberdade de expressão. O movimento direitista tem se disseminado pelo mundo, inclusive no Brasil, criando um estado policialesco. A escola acaba sofrendo diretamente, já que movimentos visam interferir no seu funcionamento e limitar a formação de educandos críticos e reflexivos. Há a necessidade de nos transformarmos constantemente e lutarmos para que o espaço escolar vá além do ensino tradicional, continuando a ser um espaço de reflexão e formação.

REFERÊNCIA
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Ed. Olho D’Água, 2000, p.74-83.

domingo, 29 de outubro de 2017

Deficiência e diferenças: reflexões

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A diversidade humana sempre existiu e a História mostra os percalços nas relações. O desconhecimento do outro sempre foi um forte traço ao longo da história. Nem sempre as pessoas estão dispostas a conhecer aquilo que não é seu espelho.
Nós, humanos, somos muito resistentes a mudanças, a mudar de posição. Discrimina-se parecendo que não está se discriminando. Ainda, temos o hábito de estabelecer escalas de valores para as pessoas.
Ora, a homogeneidade não existe. Esta diferença nem sempre é valorizada. Insistimos que as pessoas merecem rótulos, o que acabam as inferiorizando. Maior afirma que se existem políticas afirmativas é porque existe a discriminação.
Os seres humanos têm o potencial de se reinventar.
Em seu texto, Izabel Maior apresenta a evolução do conceito de deficiência, trazendo como explicativo para os leitores as principais definições normatizadas pelo Decreto nº 5296/2004. Segundo ela, a legislação existe para a promoção e proteção dos direitos das pessoas em maior situação de exclusão em nossa sociedade.
Afirma que “As pessoas com deficiência são sujeitos de direitos, com autonomia e independência para fazer suas escolhas, contando com apoios sociais”. Segundo a autora, não deve haver uma proteção exagerada para estes grupos em função de se perder o sentido das políticas de ação afirmativas, que justamente têm por objetivo a diminuição das desvantagens das pessoas com deficiência.
Aponta que a deficiência é um conceito em evolução, de caráter multidimensional, e alerta que o envolvimento de uma pessoa com deficiência na comunidade vai depender de como esta assume e se compromete no processo de inclusão.
Maior conclui enfatizando que “saber lidar com as pessoas com deficiência em quaisquer situações é derrubar barreiras e trabalhar a favor da inclusão”.
Nós docentes temos de repensar nossa prática pedagógica, visando atender as especificidades e necessidades de todos os alunos. Pensando-os no contexto da heterogeneidade, que enriquece o ambiente escolar.

Fontes
MAIOR, Izabel. História, conceitos e tipos de deficiência.
Programa Café Filosófico. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=496&v=29JooQEOCvA>. Acesso em: out 2017.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Um olhar sobre minha escola: leituras do coletivo

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A escola onde atuo oferece Ensino Fundamental completo; trata-se de uma escola polo, de um pequeno município, a única que oferece esta etapa da Educação Básica da rede municipal. Recebe alunos oriundos de todos os bairros e localidades do Município.
Para que isso ocorresse, foi necessário o fechamento das outras três escolas que haviam no Município, processo ocorrido devido à diminuição de número de matrículas e famílias nestas comunidades. Arroyo afirma no seu texto que [...] Não ter escola ou fechá-la e levar os filhos para outro lugar é sacrificar sua existência como comunidade humana, mais um mecanismo de tornar a comunidade inexistente, invisível.
As escolas que foram fechadas localizavam-se no campo sendo que os alunos foram levados para a escola “da cidade’. Ora, Noé já alertava que o processo educacional emerge  através da família, igreja, escola e comunidade. Desta forma, a escola passa a fazer parte da identidade local, refletindo os sujeitos, seus tempos e espaços. Neste sentido, Arroyo defende que as Escolas devam ter as marcas de suas culturas e identidades, com educadores professores arraigados nas comunidades. Neste sentido, o que observamos com o nucleamento dos alunos, é a destruição das formas ancestrais de viver, de produção da vida humana, das identidades e dos saberes, como o autor aponta em seu texto.
Desta forma, a realidade da educação municipal e da própria escola onde atuo sofreu profundas transformações, principalmente na última década. Sendo a escola como uma construção da modernidade, afirmam Missio e Cunha, percebemos que diferentes sujeitos, de tempos, espaços e realidades distintas passaram a conviver e interagir no espaço escolar. Ao passo que a escola mantém seu preceitos e estruturas muito semelhantes à época da sua constituição, embora os sujeitos e tempos sejam outros. Isto acaba por influenciar e interferir nas relações que se dão dentro e fora dela, incluindo no próprio cerne da comunidade.
Percebo que mesmo muitas mudanças terem acontecido, há a predominância ainda de aspectos que são fortemente marcados por poder, onde as práticas tradicionais ainda emperram uma efetiva gestão democrática e muitas vezes acabam por interferir na transformação do espaço escolar num local dinâmico. Há uma massificação, onde o todo que forma este espaço, mesmo que de origem distintas, são tratados como iguais, no sentido de homogeneizar as práticas, sem considerar suas origens e culturas. Arroyo chama isso de “pedagogias” destruidoras, sacrificiais dos saberes e identidades porque destruidoras de suas formas de produção do viver-ser, da terra, do território, do espaço de onde provém e vivem cada um desses atores, impondo um modelo único de cultura.
Como contraposição, resta o desafio apontado por Arroyo quando afirma que vincular ações coletivas, conhecimento e pedagogias supõe o reconhecimento das experiências e ações desses coletivos organizados ou não em movimentos sociais, bem como de seus contextos, espaços e tempos.
Outro olhar sobre esta realidade, diz respeito ao processo de construção de conhecimento, também emperrado pela homogeneização da forma de ensinar e de aprender, onde todos são ensinadas e devem aprender no mesmo tempo e à mesma velocidade. Candau alerta que o que deve ser mudado não é a cultura do aluno, mas sim a da escola, transformando-a num espaço de múltiplas aprendizagens e trocas, respeitando a autonomia e identidade dos sujeitos que ali interagem.

Referências
ARROYO, Miguel G. Ações coletivas e conhecimento: outras pedagogias?
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação.
MISSIO, Luciani; Cunha, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século XXI.

NOÉ, Alberto. A relação Educação e Sociedade: os fatores sociais que intervém no processo educativo.

domingo, 22 de outubro de 2017

O desenvolvimento cognitivo na teoria de Piaget

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Piaget construiu uma teoria do desenvolvimento que prioriza a inteligência como forma de adaptação ao mundo e organização da atividade mental. Segundo esta teoria, o sujeito constrói conhecimento a partir de interações com objetos físicos e sociais.
A busca do equilíbrio e integração das construções anteriores são os dois princípios que norteiam a teoria do autor.
O desenvolvimento é entendido como equilibração progressiva, passagem contínua de um estado de menor para maior equilíbrio. Ou seja, o desenvolvimento mental é uma construção contínua que tem por finalidade transformar a representação das coisas.
Piaget defende que ao longo do desenvolvimento o sujeito passa por estágios diferentes, entendidos como ordem das sucessões de aquisição de forma constante. Estes estágios são caracterizados por uma estrutura de conjunto e de caráter integrativo, ou seja, as estruturas construídas numa idade se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte.
Cada estágio comporta um nível de preparação e de acabamento. O desenvolvimento psíquico começa quando nascemos até a idade adulta, quando atingimos o que ele chamou de equilíbrio final. Em todos os níveis, a inteligência procura compreender, explicar etc.
Os estágios sãp caracterizados pela aparição de estruturas originais, cuja construção o distingue dos estágios anteriores. Cada estágio constitui uma estrutura particular de equilíbrio, efetuando-se a evolução mental no sentido de uma equilibração sempre mais completa.
Existem, segundo Piaget, mecanismos funcionais comuns a todos os estágios: toda ação (movimento, pensamento, sentimento) corresponde a uma necessidade. Daí decorre que uma necessidade é sempre a manifestação de um desequilíbrio. A ação humana consiste em movimento contínuo e perpétuo de reajustamento ou reequilibração.
Neste sentido, a adaptação é entendida como  equilíbrio das assimilações e acomodações.
Segundo o autor, o período que vai 0 a 2 anos é vital para o desenvolvimento da inteligência, já que as construções aí realizadas são a base para o desenvolvimento posterior (capacidades biológicas e construções psicológicas iniciais). Ainda, do nascimento até a aquisição da linguagem, ocorre um extraordinário desenvolvimento mental considerado pelo autor decisivo para todo curso da evolução psíquica. Trata-se de um período da conquista, através da percepção e dos movimentos, de todo universo que cerca a criança.
A inteligência aparece bem antes da linguagem. Porém, esta inteligência é totalmente prática: utiliza percepções e movimentos organizados em esquemas de ação. A consciência, no sujeito,  começa com um egocentrismo inconsciente e integral até os progressos da inteligência.
Já na primeira infância, que vai dos dois aos sete anos, ocorre o surgimento da linguagem que é a representação verbal. Outras ações que ocorrem nesta fase tratam das trocas entre os sujeitos (socialização), interiorização da palavra (pensamento) e a interiorização da ação. Há o desenvolvimento de sentimentos interindividuais e do mundo social e das representações interiores (a partir do surgimento da linguagem). Neste sentido, a linguagem é um veículo de conceitos e noções que pertence a todos e reforça o pensamento individual com um vasto sistema de pensamento coletivo.

A segunda infância, que vai dos sete aos doze anos, aponta Piaget, trata-se de uma modificação decisiva ao desenvolvimento mental. Coincide com a etapa da escolarização, onde a criança aprende novas formas de organização, tornando-se capaz de cooperar e onde se percebem notáveis mudanças nas suas atitudes sociais, tornando-a suscetível a um começo de reflexão. A prática da cooperação entre as crianças e do respeito mútuo que desenvolve o s sentimentos de justiça.
A reflexão é uma conduta social de discussão interiorizada, onde a criança começa a se libertar de seu egocentrismo social e intelectual. As operações do pensamento correspondem à intuição: forma superior de equilíbrio que o pensamento atinge na primeira infância. Ou seja, as instituições se transformam em operações.
Nesta fase, também, ocorre o desenvolvimento da seriação e a seriação análoga de pesos (a partir dos 9 anos).
Após esta fase, tem início a adolescência. Segundo Piaget, o adolescente é um individuo que constrói sistemas e teorias. Trata-se de uma nova forma de pensamento com ideias gerais e construções abstratas. Nesta fase da vida, há facilidade em elaborar teorias abstratas.
A partir dos 11/12 anos, ocorre a passagem do pensamento concreto para o formal, que se constitui no que Piaget chama de modificação decisiva. Forma-se o pensamento hipotético-dedutivo capaz de deduzir as conclusões de puras hipóteses e não somente através de uma observação real. Esta forma de pensamento envolve dificuldade e um trabalho mental maiores. Esta livre-atividade da reflexão espontânea opõe a adolescência à infância. O equilíbrio é atingido quando a reflexão compreende que sua função é se adiantar a interpretar a experiência.
O adolescente coloca-se em igualdade com os mais velhos, sentindo-se outro, diferente deles, pela vida nova que o agita. Quer ultrapassá-los e espantá-los, transformando o mundo. Com o passar do tempo, adapta-se à realidade quando de reformador, transformando-se em realizador. Em suma: a experiência reconcilia o pensamento formal com a realidade das coisas.
É importante ao docente conhecer como se dá o desenvolvimento cognitivo dos alunos, o que contribui para que planeje seu fazer pedagógico de modo a fornecer experiências que sejam importantes para os mesmos, promovendo uma prática onde a interação instigue a ação. Escolas com práticas que favorecem a ação dos educandos são ambiente facilitador para a construção do conhecimento e desenvolvimento.

Referências
PIAGET, Jean. Os estágios de desenvolvimento cognitivo e da criança.
__________. Seis estudos de Psicologia.

SOUZA, MARIA THEREZA COSTA COELHO DE. A construção cognitiva de si mesmo.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Refletindo sobre a escola e a construção do conhecimento



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A questão de entender a construção do conhecimento e o desafio para que o docente domine este assunto e tenha uma prática que vise transformar a escola num espaço de interação, curiosidade, aprendizagem, desafiante para os alunos, é mote de qualquer formação profissional de professores.
O grande desafio, como aponta Fernando Becker, é que a escola precisa transformar-se cada vez mais em laboratório e cada vez menos em auditório. Ainda temos como práticas predominantes a transmissão do conhecimento, numa escola fundada no século passado, que ainda se encontra presa à sua época de criação. Esta constatação fica clara quando o professor Becker afirma que continuamos copiando e repetindo na escola.
Tanto Becker quando La Taille trazem os estudos de Piaget e a Psicologia do Desenvolvimento para tratar sobre a importância de compreender como se dá a construção do conhecimento e o desenvolvimento dos educandos, a interferência do tempo de vida, nos processos da criança (conhecimento, socialização, progresso, adquirir competências, e como vão se transformar ao longo da vida).
Marques também destaca a importância da teoria de Piaget e dá importância que ela dá para entender como surge o conhecimento humano.
Os autores acima utilizam a teoria de Piaget e da Epistemologia Genética como forma de compreender como se dá a origem e desenvolvimento do conhecimento. Trazem em suas falas e textos a menção aos estágios do desenvolvimento cognitivo propostos por Piaget em sua teoria. Tratam-se de fases do desenvolvimento das funções cognitivas da inteligência, do pensamento. O desenvolvimento se dá por etapas, sendo que há superação de fases anteriores, podendo acontecer de certos estágios não serem alcançados. Não significa que todas as pessoas passem por todos os períodos; para sabermos em que período se encontra, é necessário saber como a pessoa pensa.
Somados aos autores acima, Lino de Macedo traz importante contribuições acerca do construtivismo, segundo o qual o conhecimento só tem sentido enquanto uma teoria da ação, da ação que produz este conhecimento. Segundo o autor, para se pensar numa escola construtivista, é fundamental abarcar vários aspectos, que passam pela postura do professor, dos materiais do ensino, da disciplina na sala de aula e do processo de avaliação escolar.
[...] O grande desafio do educador, amparado pelas contribuições teóricas da Epistemologia Genética, é formular perguntas capazes de gerar as perturbações necessárias para provocar o interesse do aluno. (MARQUES, 2008)

Referências
BECKER, Fernando. Escola mais laboratório e menos auditório. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=xjfKBGIHPjs>. Acesso em: out. 2017.
Introdução à Psicologia do Desenvolvimento. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=7GEV7HOsETM>. Acesso em: out. 2017.
MACEDO, Lino de. O construtivismo e sua função educacional.
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética. In: SARMENTO, Dirléia Fanfa; RAPOPORT, Andrea e FOSSATTI, Paulo (orgs). Psicologia e educação: perspectivas teóricas e implicações educacionais. Canoas: Salles, 2008. p.17-26

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Breves considerações sobre o laudo escolar, inclusão e desafios

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Na minha opinião a Nota Técnica é um mecanismo burocrático que visa orientar e normatizar acerca do AEE e do público-alvo da educação especial, visando um levantamento censitário, para fins de instrumentar as escolas com os recursos necessários para atendimento dos alunos deste público-alvo da educação especial.Não significa minha discordância acerca de suas normatizações.
Mas é um desafio que ainda persiste na realidade de nossas escolas. Grande parte ainda não possui a sala de recursos multifuncionais, ou carece de profissionais com formação para atuar nestes espaços e de forma articulada com os docentes, haja visto que os alunos com deficiência devam frequentar a classe regular.
Desafio primeiro, para os professores, Porque como a norma técnica estabelece é preciso haver um plano de atendimento a estes alunos. Conhecer suas especificidades e de que forma será conduzido o processo de construção do conhecimento, respeitando suas limitações, considerando seu tempo e espaço.
Segundo, a carência de apoio de profissionais com a devida formação que auxiliem e trabalhem de forma articulada as docentes das classes regulares, para que haja uma efetiva inclusão em sala de aula.
Terceiro, infraestrutura adequada para acolher e proporcionar a todos os alunos a escola como um espaço de desenvolvimento, interação e aprendizagens.
Há necessidade de uma rede de trabalho articulado, para que todos os alunos aprendam.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Nota técnica nº 04/2014/MEC/SECADI/DPEE.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Um olhar sobre as práticas da escola e a influência da cultura

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A cultura influencia diretamente a escola, não necessariamente de forma positiva. Existem lacunas e visões que emperram seu desenvolvimento. Lembro-me de uma situação cultural ocorrida. Certa escola, num município do interior, fortemente marcada pela cultura alemã, recebeu uma professora negra contratada para ser docente das disciplinas de História e Geografia. Até então, não havia nenhum docente negro que atuava na rede. Houve grande surpresa e “preocupação” por parte da equipe diretiva e de alguns professores sobre como seria o “impacto” e “aceitação” por parte dos alunos. Ora, como deveria ser. Foi muito bem recebida por todos os alunos, logo estava bem adaptada à escola e todos gostavam muito dela, além de ser uma boa professora era muito afetuosa, cativou rapidamente a todos.
Esta situação deixa bem clara ainda a presença de aspectos culturais que ainda tornam-se barreiras, inclusive nas próprias escolas, espaço de socialização e aprendizagem. O “choque”, se assim podemos designar, ao receber a professora, não foi dos alunos. E sim da equipe diretiva e parte dos professores que lá atuava uma vez que estamos acostumados ao perfil docente branco. Missio e Cunha apontam aspectos muito relevantes que servem para pensarmos: a escola ainda impõe um modelo único de cultura, aspecto fundado no fato de que ainda mantém preceitos e estrutura da época de sua constituição. Alinhando com os vídeos, que pese que se defenda que a sociedade não discrimina, classifica e que não haveria mais o preconceito racial, vemos que na verdade ainda é um forte discurso difundido na sociedade, que não releva as questões escondidas no pensamento e muitas vezes nas ações praticadas. Há fortemente a presença das diferenças, que ainda têm dificuldades em serem transpostas, motivadas pela nossa constituição, história e presença da herança cultural europeia.
Sem falar no fato de que vivemos um período obscuro no país, com a volta da diferenciação entre as pessoas, preconceitos, visões de um passado que achávamos superado. O fato ocorrido e relatado acima mostra que a geração dos alunos tem mais facilidade em aceitar o diferente, em respeitar a todos como são, do que nossa geração ou a geração que veio antes deles. Ainda estão arraigados aspectos de um período em que certos valores e culturas predominavam sobre outros.
Resta-nos o desafio de transformar esta escola que ainda mantém-se presa ao passado. Começando por nós mesmos docentes, nossas ações, lembrando-se que ela é um espaço em movimento, de interação, onde diferentes sujeitos tornam sem espaço rico e plural.

Referências

MISSIO, Luciani; CUNHA, Jorge Luiz da. Um olhar sobre a educação moderna no século XXI.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Desafios da inclusão

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A questão da inclusão das pessoas com deficiência passou a incluir a pauta das políticas educacionais e das ações governamentais principalmente na última década. Temos assistido a um processo lento, que avança paulatinamente, superando novos desafios que se colocam no caminho, a cada dia. A existência de políticas que garantem a matrícula preferencialmente em classes regulares e o apoio de profissionais, bem como a formação continuada docente visando o atendimento a todos os alunos, de acordo com suas particularidades e seu tempo e espaço, mostrou-se muito avançada.
Porém, enquanto docentes, no cotidiano de nossas escolas, muitas vezes nossos discursos contrastam com nossas práticas. É comum percebermos que em classes com alunos com deficiência incluídos, há uma visão de que ele aprenderá o mínimo possível perante suas “limitações”. Ora, embora pareça incoerente e inaceitável nos dias atuais, é freqüente esta prática e pensamento no cerne das instituições escolares.
Lembro-me, quando aluno, no final da década dos anos 1990, numa escola da rede estadual, no interior do nosso estado, que em toda a escola, que na época tinha mais de 300 alunos, havia um aluno cadeirante naquele ambiente sem nenhuma acessibilidade. Ainda hoje recordo que os colegas de sua turma (na época 6ª série do Ensino Fundamental) já o esperavam no portão da escola e conduziam sua cadeira de rodas pelos seus espaços, que contavam com muitas escadas e degraus; nestes, o aluno cadeirante era carregado no colo por colegas, enquanto outros levavam sua cadeira. Quando ele precisava ir ao banheiro, colegas sempre se colocavam à disposição e o auxiliavam; o mesmo durante o recreio, já que ele não ficava na sala de aula, era conduzido até o pátio. Este contexto mostra que os estudantes têm mais facilidade de interação e aceitação de cada um, respeitando suas particularidades.
Percebemos que alguns docentes muitas vezes sabendo que no ano escolar seguinte receberão um aluno com deficiência, alegando “falta de formação” pedem para serem trocados de turma. Muitas desculpas até são utilizadas para amenizar, afirmando que o colega tem mais experiência e formação, ou até que o aluno não precisa “aprender o mesmo” que os colegas, entre outros.
Estamos acostumados a homogeneizar a um padrão que sequer padrão é. Cada um de nós somos diferentes, temos nossas características, particularidades, necessidades, aprendemos a um tempo e espaço diferentes, somos hábeis em alguma coisa.
Concordo com a visão de Carlos Skliar que afirma que se muito falamos de inclusão é porque ela efetivamente não está ocorrendo e não faz parte do cotidiano de nossas escolas, ainda é um desafio. Escola, segundo o autor, é lugar de se encontrar, de hospitalidade: receber o outro e oferecer tudo o que é possível, criando um pacto de amizade, de amorosidade.
Amaral empresa a expressão diversidade da natureza e da condição humana ao discorrer sobre o assunto. Avançamos muito em termos de inclusão, mas ainda temos muito a construir visando transformar a escola e a sociedade num espaço de convívio de e para todos, abandonando modelos predeterminados e padrões do que julgamos normalidade, afinal “ser diferente é normal”.


Referências
AMARAL, Ligia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação.
SKLIAR, Carlos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sFU02gs-MWk>. Acesso em: out. 2017.

domingo, 17 de setembro de 2017

Nós Educadores e nosso compromisso de formação ética



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     É possível construirmos pessoas e uma sociedade ética.
    Tiburi destaca que aprendemos ética em todos os lugares, seja em casa, no trabalho, na rua, na escola etc.
     Ética é sempre a reflexão, o questionamento, o pensamento que eu dirijo para aquilo que já se consolidou em termos concretos/práticos do cotidiano.
     Segundo a filósofa, a construção de uma pessoa ou sociedade mais ética inicia do menor para um contexto mais abrangente. Ou seja, a partir de pessoas, de ações, que visam melhorar a sociedade ou situações.
       Como educadores, temos uma tarefa primordial. Primeiro, porque vivemos tempos de crise das relações, da sociedade, principalmente em nosso país. A corrupção acontece desde pequenas ações no nosso dia-a-dia até a realizada por grandes políticos. Valores extremistas, contra os direitos humanos, que enfatizam as disparidades. Temos uma função de propor a reflexão nas nossas instituições, seja com os educandos, entre eles, entre todos que formam nossa escola. Colocar-se no lugar do outro, refletir sobre as questões que nos cercam, o que tem necessidade de ser rompido, transformado e nosso papel enquanto seres ativos, constituintes desta sociedade.
        Propor discussões e espaço de formação coletiva, que ultrapassem as barreiras da sala de aula e dos muros da escola. Olhar para o outro, para nós mesmos.
       Isso que  Hermann destaca em seu texto, quando propõe que a [...]Filosofia pode auxiliar na formação humana, por meio de uma reflexão ligada às reais condições de vida (pág. 17).
          Cada vez mais há a necessidade de irmos além de um ensino tradicional baseado em conteúdos definidos verticalmente. Devemos ser propositores de  reflexão crítica, levar nossos alunos a pensarem, refletirem, estudarem, lerem, aprenderem a ouvir a opinião dos outros, respeitando-a, sabendo contrapor; entender que aprendemos sempre, inclusive com os outros.
         Temos uma responsabilidade com a formação ética de nossos educandos, contribuindo para transformarmos nossa sociedade, construindo um futuro alternativo, muito melhor do que o que temos hoje.
         Moral também é uma produção da cultura. É o hábito; é o costume. Aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. Aquilo que todo mundo tem de fazer. A moral não é necessariamente ética. O exemplo mais clássico é o atual contexto do Brasil, onde a corrupção é uma moral, conforme aponta Tiburi.
        Temos a tarefa de transformar nossas escolas e nossos alunos. Torná-los pessoas reflexivas, críticas, conscientes de seu papel como transformadores e construtores de uma sociedade mais ética, justa e necessária, ainda mais em tempos nefastos como o que estamos vivendo atualmente no Brasil.

Referências
HERMANN, Nadja. Ética: a aprendizagem de aprender a vida. Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 102, p. 15-32, jan./abr. 2008
TIBURI, Marcia. Filosofia e Ética. Disponível em: https://youtu.be/9jsRUafEV9A

domingo, 10 de setembro de 2017

Escola e cultura: olhar sobre prática

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     Parece claro que o conceito de escola e educação democráticas, construídas historicamente, constantemente sofrem abalos tendo em vista movimentos tradicionais e visões de caráter excludente, enfatizando a disparidade e as o modelo de classes.
    O sistema escolar reproduz a nível social os diferentes capitais culturais das classes sociais. A Educação precisa romper a ideia de processo de transmissão cultural – reprodução de um sistema social, mesmo que afetada por este modelo.
    A presença da questão multicultural , sob o ponto de vista conceitual e prático, tem ganhado campo no cerne das instituições de ensino, seja da Educação Básica ou Superior. Entendo que ainda se encontra em constituição e embora tenhamos avançado muito, parece que há um movimento fazendo o percurso inverso.
    Candau traz importantes reflexões em seu texto. Eis algumas ideias que norteiam sua discussão:
              [...]a igualdade que queremos construir assume o reconhecimento dos direitos básicos de todos. (pág. 128)
[...] o que precisa ser mudado não é a cultura do aluno, mas a cultura da escola. (pág. 133)
     O termo multiculturalismo, de caráter polissêmico, como aponta a autora, nasceu de lutas dos grupos sociais, discriminados e excluídos de uma cidadania plena, movimentos sociais (questões identitárias). A autora destaca que a partir de estudos do grupo de pesquisa de que participa, uma forma destas questões penetrarem  na cultura escolar se dá por meio das atividades extraclasse.
     O contexto da escrita do texto de Candau reflete um período em que a agenda era composta pelas mobilizações e pela necessidade de reconhecer as questões da identidade, igualdade e diferenças era um desafio para inserção no currículo educacional, tanto pela sociedade, quanto por resistência da própria instituição, dos docentes etc.
     Hoje avançamos muito neste sentido, haja visto as inúmeras políticas de ações afirmativas visando o acesso de todos à educação, principalmente a superior, que antes era habitada por um público seleto e que tinha condições financeiras, mesmo que existissem algumas bolsas que eram de acesso a poucos.
    O próprio currículos das escolas e IES , construídos coletivamente, pautados em muita mobilização e lutas de origem social, possibilitaram o trabalho e o reconhecimento da diversidade que habita o nosso país.
    O Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), os Planos Estaduais e Municipais, pautam políticas de governo que visam o desenvolvimento educacional do país, em termos de qualidade, equidade e condições em todos os Estados. Representam uma conquista, uma vez que tratam de políticas construídas com participação social.

      Resta ainda a transposição das práticas do velho e tradicional modelo escolar que ainda insistem em permanecer no cotidiano escolar e das IES.
Referências:
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação.
NOÉ, Alberto. A relação Educação e Sociedade: os fatores sociais que intervém no processo educativo.

sábado, 9 de setembro de 2017

A era da informação e comunicação: impactos no mundo e nas relações

Fonte: https://tic9bavelar.wikispaces.com/file/view/internet_kids_logo_full.jpg/43910779/525x472/internet_kids_logo_full.jpg


      Vivemos a era da informação e da comunicação. Assistimos diariamente a expansão e criação de novas formas de comunicação e de interação. Com esta expansão, o acesso as redes sociais teve um salto exponencial, uma vez que o acesso ao celular e à Internet inclusive por meio dele, permite este acesso instantâneo e a informação, de qualquer parte do mundo, a qualquer tempo.
     A escola sofre influências diariamente destas transformações. E ainda não sabe como lidar e fazer seu uso para aprimorar o processo de construção do conhecimento, uma vez que está fundada em ideais e culturas de séculos passados, numa estrutura rigidamente formada. Há grandes resistências por parte dos educadores no uso, uma vez que nossos alunos nasceram neste mundo e têm o domínio do uso das tecnologias.
    Leandro Karnal faz uma série de reflexões acerca da comunicação e do impacto das redes sociais na vida das pessoas. Destaca que a geração atual só viveu a experiência do virtual.  A expansão das redes sociais, segundo ele, tem seu lado positivo e negativo. O grande defeito é que vivemos a era que ele chama de era do narcizismo, autocentrada no próprio sujeito.  Vivemos a era do indivíduo (Deus customizado, animal humanizado e comida adaptada). Século do narciso, do individualismo.
      Nesta forma de nos comunicarmos, facilitamos a maneira de encerrar e conduzir relações. Porém, eliminamos a autoria. Nossa seleção da verdade é afetiva, de identidade. Tudo o que disserem de ruim, de mal, de quem eu não gosto, torna-se verdadeiro! O critério é individual!
      Cita as ideias de Bauman sobre a era do mundo líquido. Também cita as ideias de Umberto Eco que afirma que  a internet promoveu o idiota da aldeia, aportador da verdade. Qualquer idiota da aldeia tem o direito a portador de voz do que um prêmio Nobel. A internet propicia que qualquer pessoa, de qualquer canto do mundo, expresse uma ideia, em grau de igualdade com um especialista. Eco quis denunciar que a internet divulga informação, mas não  formação! Queria expressar talvez uma certa melancolia sobre uma época que a autoria era única. Para ouvir algo eu teria que ter uma imensa informação.
      Sobre a questão da autoria, percebemos na fala de Karnal a questão daquilo que ele chamou de detração, palavra de origem latina, que tem o mesmo significado que fofoca. As pessoas compartilham informações, das mais diversas fontes e assuntos, sem muitas vezes se preocupar na sua veracidade, tampouco são atribuídas autoria a pessoas que muitas vezes sequer expressaram tal ideia.
     Fundados nas ideias de Freire, é importante refletirmos sobre o ato de estudar, ler e interpretar. É necessário um espaço de tempo para decodificar, assimilar, o que foi revelado no texto.
      Desta forma, percebo que a leitura e uso que as pessoas vêm fazendo das informações das redes e mídias é instantânea, líquida, sem fazer uma reflexão crítica, uma análise das informações, comparando com outras fontes ou mesmo com a veracidade daquilo que compartilhamos ou muitas vezes julgamos por verdadeiro.
      Temos de fazer o trabalho da crítica. Ou seja, um trabalho intelectual que tem por finalidade explicitar o conteúdo de um pensamento qualquer, para encontrar o que está silenciado. A tarefa da crítica é fazer falar o silêncio. Realizar trabalho interpretativo com relação a pensamentos e discursos dados.
    Sou da geração que leu e interpretou os estudos de Freire e outros pensadores. Hoje percebemos esta disseminação de informações facilitada pela ascensão dos meios de comunicação e das redes sociais, que têm tornado as pessoas transmissoras de verdades (ou falsas verdades), disseminação de ideologias ou discursos de ódio, ataque a moral, destruição de identidades.  
    Não podemos negar a importância do acesso à informação, ao mundo conectado, embora que ainda existem pessoas que não tenham acesso a isso. Mas o tipo de informação e o que é feito com ela é um grande desafio posto, ainda mais no atual contexto que vivemos em nível mundial e nacional, onde o uso da informação é feito para desinformar a massa da população e tem disseminado discursos de ódio, destacando as diferenças e enaltecendo uns em detrimento de outros.

   Compete-nos enquanto educadores em constante desenvolvimento profissional promovermos espaços de reflexão, autoria, contribuindo para que nossas escolas sejam espaços de formação de sujeitos ativos, curiosos, investigativos e criativos.
Referências
HÜHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica.
Programa Ponto a Ponto. O impacto das redes sociais nas vidas das pessoas. Disponível em: <https://youtu.be/crlhoz7IVeY>.